Cientistas afirmam que vacina brasileira contra o coronavírus entra em testes com humanos ainda em 2021
Desenvolvimento de imunizante nacional é importante para reduzir dependência de importação
Foto: Reprodução/Diário de Goiás
Apesar da falta de recursos, os projetos de vacinas brasileiras começam a ser vistos como estratégicos. Com o país sem doses suficientes de vacinas estrangeiras para proteger a população, cientistas brasileiros esperam que, finalmente, o governo invista no desenvolvimento de imunizantes 100% nacionais. Entre 15 projetos de vacina contra Covid-19 propostos no Brasil no ano passado, quatro veem agora chances reais de seguir adiante.
Os projetos do Instituto do Coração, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (USP), da start-up paulista Farmacore e da UFMG buscam iniciar testes em humanos ainda este ano. Lançados em iniciativas dispersas, estes projetos dividiram em 2020 um bolo de verbas modesto (R$ 9 milhões) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações que, alinhado ao Ministério da Saúde, apostou em medicamentos sem eficiência comprovada.
Jorge Kalil, diretor do laboratório de imunologia do Instituto do Coração, ligado à USP, conta que já recebeu promessa de apoio do governo federal, caso avance até a fase 3 de ensaios clínicos, após provar segurança e capacidade de resposta imune. "Semana passada falei com o presidente, que se mostrou bastante interessado", diz Kalil ao G1, que criou uma vacina cujo antígeno (o elemento que instiga o sistema imune a identificar e combater o vírus) é uma proteína sintética.
Dominar todo o ciclo de desenvolvimento da vacina contra a Covid-19 é fundamental para o Brasil mesmo que os imunizantes nacionais não sejam usados para deter o pico da pandemia nesse momento. Cientistas estão convencidos que a doença deve persistir e, no caso de surtos futuros, elas serão fundamentais para suprir a dependência de importação.
"Desenvolver um produto nacional pode parecer caro, mas é estratégico, nos dá segurança e coloca o país num mercado bilionário", diz também ao G1, Célio Lopes, do Laboratório de Vacinas Gênicas da USP de Ribeirão Preto, parceiro da Farmacore, incubada na universidade.