Ciro é alvo de notícia-crime por parte da Defesa e Forças Armadas
Ato ocorre após ex-ministro dizer que houve um "notório descontrole de áreas da Amazônia"
Foto: Divulgação/PDT
Pré-candidato a presidente pelo PDT, o ex-ministro Ciro Gomes foi alvo de notícia-crime por parte do Ministério da Defesa e das Forças Armadas. Conforme texto entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR), o pedetista cometeu crime de "incitar, publicamente, animosidade" entre o poder público, as instituições civis e/ou a sociedade.
A acusação ocorre após Ciro dizer em entrevista à CBN, na última terça-feira (21), que há um "notório descontrole de áreas da Amazônia" e que as Forças Armadas são coniventes com os crimes ocorridos na região, além de dizer que o narcotráfico é "claramente protegido" por autoridades brasileiras.
Após emitir nota como resposta, repudiando as falas "irresponsáveis" do pedetista, Defesa e Forças Armadas afirmaram que as "acusações levianas afetam gravemente a reputação e a dignidade" das instituições. Na sequência, apresentaram notícia-crime.
Em nota oficial, o pré-candidato à Presidência comentou sobre a ação. Ciro disse ter sido "surpreendido por uma nota agressiva e intempestiva", acusou as partes de descontextualizar suas falas, de ameaçá-lo e de basear notícia-crime "equivocadamente" nos artigos 286 do Códgio Penal e 2019 do Código Penal Militar.
"A nota, que mais uma vez explicita o grau de politização do atual comando das Forças Armadas, tenta distorcer a crítica que fiz ao notório descontrole que impera, em áreas da Amazônia, onde uma “holding do crime” age impunemente. As mortes trágicas de Bruno Pereira e Dom Phillips são os últimos episódios desta realidade pavorosa", disse Ciro.
"Em nenhum momento, disse que as Forças Armadas, enquanto instituições de estado, estariam envolvidas com essa holding criminosa. Afirmei – e reafirmo – que frente à desenvoltura com que um tipo de estado paralelo age na área, é impossível não imaginar que alguns membros das forças de segurança possam estar sendo coniventes por dolo ou omissão. Ao responder pergunta específica do jornalista, exerci meu direito de liberdade de expressão, sem excesso ou qualquer discurso de ódio. Muito menos com desrespeito a uma instituição que prezo e defendo. Inclusive, afirmei, na mesma entrevista, que os militares são elementos essenciais a um Projeto Nacional de Desenvolvimento, além de ressaltar a importância do fortalecimento das Forças Armadas em um possível governo que eu venha a presidir. Assim como não confundo a ação das Forças Armadas com possíveis erros de alguns membros, não confundo, também, a essência da instituição com a linha imposta por comandos temporários que tentam submetê-la a caprichos políticos e interesses eleitorais.9. Não me surpreende que a iniciativa desta ação política contra mim – e contra a minha pré-candidatura – parta de um Ministro da Defesa que, possivelmente obedecendo ordens de seu comandante supremo, vem se notabilizando por tentativas de interferência no processo político", acrescentou.