Com iminente fome infantil, ONU reforça pedido de cessar-fogo em Gaza
De acordo com a organização, “poder ocupante” bloqueou ou restringiu severamente o fornecimento de alimentos e outros suprimentos na região
Foto: UNICEF/James Elder
Com crianças em risco de fome no norte e outras em toda a Faixa de Gaza em perigo de insegurança alimentar, o Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança emitiu uma declaração, nesta quinta-feira (21), repetindo seu apelo por um cessar-fogo imediato.
O texto aponta que o “poder ocupante” bloqueou ou restringiu severamente o fornecimento de alimentos e outros suprimentos e ajuda essenciais. O texto também lembra que, de acordo com o Ministério da Saúde Gaza, foram registradas 27 mortes de crianças por desnutrição e desidratação na região.
Segundo o comitê, uma em cada três crianças com menos de dois anos de idade no norte da Faixa de Gaza sofre de desnutrição aguda, um aumento acentuado em relação aos 15,6% registrados em janeiro. Além disso, o texto ressalta que o número real de mortes por inanição deve ser “significativamente maior” e pode aumentar.
Com a última projeção dos especialistas da Classificação da Fase de Segurança Alimentar Integrada, IPC, os autores alertam para o agravamento da situação com a intensificação do conflito, especialmente com o aumento da violência em Rafah, na região do sul de Gaza,
O comitê aponta ainda que “ações deliberadas, como o bloqueio e a restrição da ajuda humanitária, parecem ser calculadas para provocar a destruição física das crianças palestinas”.
Assim, o texto faz referência à decisão provisória da Corte Internacional de Justiça, CIJ, em 26 de janeiro de 2024, que considerou "plausíveis" algumas reivindicações de direitos da África do Sul nos termos da Convenção sobre Genocídio.
Segundo a declaração, desde a ordem da CIJ até 19 de março, uma média de mais de 108 palestinos foram mortos e outros 178 ficaram feridos todos os dias em Gaza, entre eles crianças. A possível invasão de Rafah colocaria a vida de 600 mil menores em risco imediato e atingindo rapidamente o ponto de ruptura da fome.
Além de reiterar os apelos para as crianças mantidas reféns sejam libertadas imediatamente, o Comitê também pede a todas as partes, incluindo a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança, um cessar-fogo humanitário imediato para proteger a vida de centenas de milhares de crianças inocentes.
Nesta quinta-feira (21), o Conselho de Segurança deve voltar a debater o assunto e deliberar sobre uma proposta de resolução apresentada pelos Estados Unidos. De acordo com agências de notícias, a diplomacia americana apresenta no texto um pedido de “cessar-fogo imediato”.