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Com pandemia da Covid-19, famílias baianas aderem ao ensino domiciliar

Dificuldade do sistema remoto das escolas fez pais migrarem de sistema

Por Da Redação
Ás

Com pandemia da Covid-19, famílias baianas aderem ao ensino domiciliar

Foto: Divulgação

A pandemia do novo coronavírus mudou radicalmente a rotina na maioria dos lares brasileiros. E, naqueles em que havia crianças e adolescentes em idade escolar, as mudanças foram ainda mais sentidas, afinal, com a suspensão das aulas presenciais coube aos pais e responsáveis o acompanhamento integral das atividades que passaram a acontecer de maneira remota. Dentro deste cenário, a modalidade de homeschooling (ensino em casa), vem ganhando novos adeptos e se mostrando uma alternativa para garantir um ensino de qualidade, com programas individualizados que reforçam as habilidades dos alunos. No Brasil, de acordo com a Associação Nacional de Educação Familiar (Aned), mais de 7,5 mil famílias já aderiram ao sistema de ensino em casa, sendo mais de 15 mil estudantes em idade de 4 a 17 anos. Ainda de acordo com levantamento da Aned, o número de adeptos da educação domiciliar cresce a uma taxa anual de 55% ao ano. 

Atenta à demanda que surgia em função da pandemia a professora Bárbara Costa criou a Teacher Barbara Homeschooling, uma escola bilíngue, que atende crianças dos 06 meses até o 5º ano do Ensino Fundamental 1, com aulas 100% presenciais, na casa do aluno, e programa de ensino de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A escola conta com uma equipe composta por profissionais de letras, pedagogia, psicologia, artes e educação física e oferece aos pais programas que variam de 6h a 15h aulas semanais. As aulas são baseadas no princípio Sóciointeracionista, por meio de abordagens múltiplas que estimulam a liderança das crianças. 

Trabalhando como professora desde 2002 a teacher Barbara sempre se inquietou com o rumo da educação brasileira e a forma como a escola tradicional ofertava suas aulas. Foi então experimentando maneiras de oferecer aulas dinâmicas que despertassem o interesse dos seus alunos. “Durante todo este período de atividade como professora de inglês busquei tornar as aulas menos enfadonhas e cansativas e torná-las mais divertidas e produtivas. E é essa experiência que trago como proposta na Teacher Barbara Homeschooling. Nossas aulas são participativas, planejadas de maneira individualizada para as necessidades de cada um dos nossos alunos. As crianças aprendem brincando. Existe melhor maneira de se aprender?”, enfatiza a professora. 

Entre os novos adeptos do sistema de ensino em casa está a advogada Jamille Muniz, mãe do pequeno Henrique, de 4 anos. Ela conta que a adesão ao homeschooling se deu em junho de 2020, após dois meses participando do ensino virtual oferecido pelo colégio. “Não conseguimos nos adaptar a rotina. Observei o desinteresse do meu filho em participar dos encontros virtuais e realizar as atividades propostas. Então buscamos uma forma de motivá-lo através do homeschooling, afim de que ele tivesse um ensino presencial e personalizado para ele”, explica Jamille.

“Temos um ensino personalizado. As aulas são adaptadas às próprias propostas do Henrique. ‘Ensino livre’, porém, de modo planejado e organizado. As atividades propostas vão além das que ele tinha no ensino regular, como educação financeira e culinária”, cita como exemplo. No caso do Henrique, as aulas acontecem três vezes na semana, com 2h/aula cada. A rotina de ensino é acompanhada por meio da agenda escolar e, também, por conversas presenciais ou por aplicativo com os professores. “O próprio Henrique também sempre me chama para ver as atividades feitas no dia, ele adora! Pergunta nos dias vagos se não vai ter homeschooling, até mesmo nos finais de semana sente falta das aulas”, diz a advogada. Segundo ela, já é possível notar na criança um maior interesse pela escrita e leitura, criatividade aguçada e o aprimoramento do vocabulário em inglês. 

A pandemia foi, também, o ponto chave para a decisão da administradora Lêda Costa de matricular os filhos Levi e Liz, de 5 e 3 anos, respectivamente, no sistema de educação domiciliar. “O homeschooling surgiu como uma alternativa diante do baixo rendimento/aceitação no modelo virtual por parte dos nossos filhos. Entre os principais benefícios que observamos estão o menor tempo deles em frente à TV, o aprendizado individualizado e a possibilidade de aprender tendo menor contato com doenças virais”, disse.

No Distrito Federal a prática do homeschooling foi liberada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), que sancionou uma lei com validade a partir deste mês de fevereiro. O projeto de lei que regulamenta a educação domiciliar no Brasil foi assinado em abril de 2019, pelo presidente Jair Bolsonaro e aguarda tramitação no Congresso Nacional antes de se tornar lei. A proposta, que estava entre as prioridades dos primeiros 100 dias de governo, visa criar regras para quem prefere educar os filhos em casa. O Projeto de Lei (PL) assinado por Bolsonaro alterou a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

A medida objetivou trazer os requisitos mínimos que os pais ou responsáveis legais deverão cumprir para exercer esta opção, conforme explicou Pedro Hollanda, secretário adjunto da Secretaria Nacional da Família, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, na ocasião da assinatura do PL.

“A principal motivação do projeto de lei é estabelecer um marco legal para a educação domiciliar, regular o exercício desse direito, visando assegurar a educação da criança e do adolescente. É mais uma possibilidade de ensino, tendo como premissa a pluralidade pedagógica”, afirmou Holanda. 

Em publicação no site do Ministério da Educação, datada de abril de 2019, Holanda afirmou: “em relação às avaliações, elas vão ocorrer anualmente com possibilidade de recuperação, já a partir de 2020. É uma avaliação que ocorre como no ambiente escolar, ou seja, desde o segundo ano do ensino fundamental até o último ano do ensino médio. É o princípio da isonomia entre o estudante da escola e aquele que aprende com a educação domiciliar.”

Até a aprovação final da lei que regulamentará a prática do ensino domiciliar, as famílias utilizam como alternativas para a certificação do ensino o ENCCEJA (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), realizado pelo Ministério da Educação, por meio de prova gratuita realizada no 9º ano e no Ensino Médio. 

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