Combate à fome: instituições sociais seguem com campanhas de arrecadação contra impactos da pandemia na Bahia
Em abril deste ano, mais de 240 mil famílias de Salvador estavam na situação de pobreza e extrema pobreza
Foto: Reprodução/Profissão Repórter
Cada vez mais o número de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza em Salvador cresce e gera ainda mais preocupações. Em abril deste ano, mais de 242 mil famílias estavam nessa situação na capital baiana, conforme o levantamento realizado pelo g1, com dados da Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre). Em dezembro de 2021, esse número era de pouco mais de 212 mil famílias.
Diante do cenário da pandemia da Covid-19 e da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, e com a inflação acumulada, o poder de compras dos brasileiros foi reduzido com a puxada dos grupos de alimentação, que vêm registrando alta desde 2020. Entre julho de 1994 e junho deste ano, a inflação cresceu em 653,06% e para ter o mesmo poder de compra da nota de R$ 100 em julho de 1994, o consumidor teria de gastar hoje R$ 748,04.
Esse é o valor aproximado do que deveria ser o valor do Auxílio Brasil, segundo um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais e da Fundação Getúlio Vargas. Recentemente, o benefício subiu de R$ 400 para R$ 600 até o fim deste ano.
No entanto, alguns grupos e entidades desenvolveram projetos para ajudar a minimizar esses números na pobreza e extrema pobreza. Entre eles, o Coletivo Resistência Preta, que é uma instituição social do movimento negro criado em meio a pandemia, no qual os responsáveis perceberam a intensificação das desigualdades sociais e a necessidade de uma ajuda nas comunidades periféricas de Salvador.
De acordo com a coordenadora do grupo, Laís Santana, atualmente pouco mais de 300 pessoas são voluntárias do projeto e mais de 4 mil famílias já foram atendidas por eles entre o ano de 2020 e o primeiro semestre de 2022.
"As arrecadações surgem dentro da mobilização em diversos âmbitos sociais, contamos com a participação de artistas, da mídia tradicional, das redes sociais e muitos outros. As distribuições estão inteiramente ligadas as lideranças comunitárias que necessitavam de um estímulo para continuidade de projetos organizacionais", explicou ao acrescentar que o Coletivo Resistência Preta atua como uma grande plataforma social, composta por mais de 100 lideranças periféricas e com atuação em mais de 120 bairros dos territórios negros da capital baiana.
Criadores da campanha "Você tem fome de quê?", que ajudou centenas de famílias no auge da pandemia do coronavírus com as doações de cestas básicas e alimentos para minimizar os impactos da fome nas favelas de Salvador, a instituição foi convocada pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR) para atuar no grande projeto nacional "Dia de Doar", que será realizado em todo o mês de outubro e novembro, no qual o propósito é receber doações em dinheiro, que será dividido entre 50 instituições comunitárias de Salvador.
"Compartilhar a campanha, acompanhar as nossas redes sociais e participar enquanto voluntário/voluntária, fazem toda a diferença nos resultados das campanhas. Estamos fomentando apenas o "Dia de Doar", mas quem quiser contribuir com cestas básicas e alimentos para a outra campanha, recebemos na nossa sede, na Rua Jogo do Lourenço, nº 1, no bairro da Saúde", destacou Laís.
Combate à fome na capital baiana e interior do estado
Outra instituição que atua não só em Salvador, mas também na Bahia, é a Central Única das Favelas Bahia (CUFA-BA), que adotou a iniciativa de doações de cestas básicas a partir das demandas provocadas pela pandemia da Covid-19, segundo explica o presidente da organização, Márcio
"O trabalho da CUFA sempre foi promover atividades nas áreas da educação, esporte, lazer, cultura e cidadania. Após as medidas restritivas, adotadas como forma de combater a pandemia de Covi-19 na Bahia, a CUFA desenvolveu ações de promoção social através do Programa Mães da Favela 2020, 2021, 2022 e CUFA Contra o Vírus 2020/2021, com intuito de minimizar os efeitos causados pela pandemia, que ainda estamos atravessando", explicou ao Farol da Bahia.
Assim como o Coletivo Resistência Preta, a CUFA conta com o trabalho de voluntários para dar seguimento aos trabalhos nos bairros da capital e no interior da Bahia. Segundo Márcio, no total são cerca de mil pessoas, entre assistentes sociais, mães beneficiárias, psicólogos, líderes comunitários, conselheiros tutelares, técnico administrativo e trabalhadores da saúde.
Arrecadação e distribuição
Além da instituição receber as doações feitas pelos parceiros do projeto, a CUFA ainda promove diversas ações voltadas para arrecadações de alimentos não perecíveis com entidades públicas e empresas privadas. Porém, a lógica das distribuições são feitas através de cadastros através das lideranças de cada bairro de Salvador e do estado da Bahia.
Na capital baiana, além da doação de cestas básicas, às famílias que se encontram na situação de pobreza e extrema pobreza também contam com a distribuição de alimentos prontos, como sopas e mingaus. "As distribuições são realizadas através das lideranças que estão responsáveis por cada base nos bairros de Salvador.
Como realizar as doações
O interessado em contribuir com a continuidade do trabalho social promovido pela CUFA e pelo Coletivo Resistência Preta, devem ficar atentos as informações abaixo:
CUFA-BA: as doações podem ser feitas diretamente pelo site do programa www.maesdafavela.com.br/doar ou através do Pix da instituição: 39.757.773/0001-52 (CNPJ).
Resistência Preta: as contribuições podem ser realizadas por meio da doação de alimentos ou cestas básicas completas presencialmente na Rua Jogo do Lourenço, nº 1, no bairro da Saúde, ou através do Pix 85576379500 (CPF - Laís Santana).