"Como podem possíveis dados sigilosos serem vazados sobre todos os assuntos o tempo todo?", questiona Carlos Bolsonaro
Declaração do vereador faz referência à divulgação da movimentação de cerca de R$ 30 milhões em contas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

Foto: Renan Olaz/CMRJ
O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) questionou o vazamento do que chamou de "dados sigilosos", em referência à movimentação de cerca de R$ 30 milhões em contas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), revelada em um relatório da Polícia Federal encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
"Eu estou movimentando mais dinheiro do que eu jamais poderia imaginar, segundo os tablóides do regime. E outra: como podem possíveis dados sigilosos serem vazados sobre todos os assuntos o tempo todo e acharem isso normal?", escreveu o vereador, em uma publicação no X (antigo Twitter).
Confira:
Eu estou movimentando mais dinheiro do que eu jamais poderia imaginar, segundo os tablóides do regime. E outra: como podem possíveis dados sigilosos serem vazados sobre todos os assuntos o tempo todo e acharem isso normal? A organização lulista está mais aparelhada que uma…
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) August 22, 2025
De acordo com o relatório da PF, que se baseia em informações levantadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), as movimentações foram realizadas entre março de 2023 e fevereiro de 2024.
Os valores incluem transações via Pix, câmbio, TED/DOC, tributos e pagamentos de contas. Segundo a PF, mais de 60% das movimentações, cerca de R$ 19 milhões, foram feitas via Pix.
Segundo a Coaf, há suspeitas de indícios de lavagem de dinheiro e de outros ilícitos penais por parte do ex-presidente e do seu outro filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos.
Bolsonaro indiciado
Na quarta-feira (20), a PF indiciou Jair e Eduardo Bolsonaro sob suspeita de obstrução do julgamento das investigações sobre a suposta trama golpista. A decisão também resultou em medidas contra o pastor Silas Malafaia no início da noite desta quarta-feira (20).
Durante as investigações, a PF encontrou elementos de que o ex-presidente e o deputado buscaram atrapalhar o processo do golpe, no qual Jair Bolsonaro é réu. Buscas e apreensões também foram feitas contra Malafaia, que aparece nas investigações sobre coação às autoridades, apesar do pastor não ser indiciado.
No relatório, a PF informou que foram extraídos áudios e mensagens com Malafaia e Eduardo do celular do ex-presidente, que haviam sido apagados. Segundo o documento, o material demonstra que Jair Bolsonaro fez "intensa produção e propagação de mensagens destinadas às redes sociais, em afronta à medida cautelar anteriormente imposta".
Um dos áudios incluídos no relatório e divulgado na íntegra pelo Metrópoles revelou críticas de Malafaia sobre a postura de Eduardo em discursos considerados nacionalistas. O pastor conta a Bolsonaro que chegou até a repreender o deputado federal.
"Toda a rombada que o Trump deu no mundo é sobre economia. Com o Brasil, é sobre você, cara. A faca e o queijo tá na sua mão, cacete. E não podemos perder isso. E vem teu filho babaca falar merda, dando discurso nacionalista, que sei que você não é a favor disso. Dei-lhe um esporro, cara. Mandei um áudio para ele de arrombar. E disse: 'A próxima que tu fizer, gravo um vídeo e te arrebento', falei para o Eduardo. Vai para o meio de um cacete, pô", conversou Malafaia a Bolsonaro.
Jair Bolsonaro se encontra em prisão domiciliar por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), imposta após o magistrado apontar as tentativas de coação no processo. Já no caso em que o ex-presidente já é réu, o julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado está marcado para começar no dia 2 de setembro.
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