Construção irregular que ameaçava Terreiro de Candomblé mais antigo do Brasil começa a ser demolida
As denúncias sobre a construção irregular são feitas desde 2021; O terreiro da Casa Branca foi fundado no século XIX
Foto: Reprodução//TVBahia
Construção irregular, que ameaçava o Terreiro da Casa Branca, templo candomblecista mais antigo do Brasil, localizado no Engenho Velho da Federação, na capital baiana, começa a ser demolido nesta terça-feira (20). O espaço religioso foi também o primeiro tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A demolição será feita em etapas e feita de forma manual, conforme a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Salvador. Por isso, levará um tempo para ser concluído. Durante as obras, uma parte do terreiro foi interditada por questão de segurança.
A Prefeitura de Salvador já tinha determinado a desapropriação da área que abrigava o prédio, que tem cinco pavimentos e pertence a um policial militar, em abril deste ano. Este local será utilizado para a criação de um projeto cultural que será implementado junto ao terreiro. Os moradores do prédio foram indenizados durante o processo de desapropriação.
Denúncias desde 2021
Os membros do Terreiro da Casa Branca denunciam a construção irregular e invasões no território desde 2021. Foram encontradas várias irregularidades estruturais, como:
Falta de engenheiro para projetar prédio;
Ausência de projeto arquitetônico e estrutural.
Descontinuidade em dois pilares;
Construção de pavimentos além da capacidade da fundação;
Ausência de alvará de construção.
Outra queixa dos candomblecistas é a falta de privacidade, já que os moradores do prédio podem ver ritos sagrados que são sigilosos. Após pedidos do Iphan e da Procuradoria Federal (AGU), em setembro do ano passado, a Justiça determinou a demolição da construção. No entanto, a decisão foi revogada.
O Casa Branca
O Terreiro da Casa Branca foi o primeiro centro religioso não-católico a ser reconhecido como patrimônio pelo Ministério da Cultura (Minc). Típico terreiro jeje-nagô, ele é considerado como matriz da nação nagô no Brasil. Foi fundado no século XIX, e teve o seu primeiro local sede do espaço sagrado na Barroquinha, entre 1820 e 1830. Em 1860 e 1870, ele foi transferido para o Engenho Velho da Federação, onde permanece até hoje.
