Contas externas apresentam saldo negativo de US$ 8,7 bilhões em janeiro deste ano
Investimentos diretos no Brasil chegaram a US$ 6,5 bilhões
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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
As contas externas do Brasil apresentaram saldo negativo em janeiro de US$ 8,655 bilhões, comunicou nesta quinta-feira (23) o Banco Central (BC). No mesmo mês do ano passado, o déficit foi de US$ 4,407 bilhões nas transações correntes, que é composto pelas compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países.
O agravamento na comparação interanual é decorrente da diminuição de US$ 4,3 bilhões no superávit comercial, devido, sobretudo, da alta das importações. Ainda colaborou para o resultado negativo nas transações correntes, o déficit em serviços, que cresceu em US$ 1 bilhão. Por outro lado, o déficit em renda primária (pagamento de juros e lucros e dividendos de empresas) retrocedeu em US$ 1,1 bilhão.
Em 12 meses finalizados em janeiro, o déficit em transações correntes acumulou em US$ 65,442 bilhões, 3,02% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos no país), ante o saldo negativo de US$ 61,194 bilhões (2,79% do PIB) no mês anterior. Já comparado ao período correspondente finalizado em janeiro do ano passado, a alta no déficit foi maior, com o resultado em 12 meses negativo em US$ 24,490 bilhões (1,11% do PIB).
Balança comercial e serviços
As exportações de bens chegaram a US$ 25,371 bilhões em janeiro, uma diminuição de 5,9% comparado ao mesmo mês do ano passado. Enquanto isso, as importações alcançaram US$ 24,148 bilhões, o maior valor para meses de janeiro da série histórica iniciada em 1995, com elevação de 12,8% na comparação com janeiro do ano passado.
O déficit na conta de serviços – viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros – acumulou US$ 4,552 bilhões em janeiro, ante os US$ 3,531 bilhões no mesmo mês do ano passado, aumento de 28,9%.
De acordo com o BC, existe um aumento na corrente de comércio de serviços, com diversificação na conta. Na comparação interanual, um dos maiores aumentos, de 53,6%, foi nas despesas líquidas com transporte, chegando a US$ 1,442 bilhão, resultado das altas na corrente de comércio e no preço dos fretes internacionais.
Rendas
Em janeiro do ano passado, o déficit em renda primária - lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários – somou US$ 5,613 bilhões, 16,2% abaixo do apontado em janeiro de 2024, de US$ 4,371 bilhões. Normalmente, essa conta é deficitária, pois há mais investimentos de estrangeiros no Brasil – e eles remetem os lucros para fora do país – do que de brasileiros no exterior.
A conta de renda secundária – iniciada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens – apresentou saldo positivo de US$ 287 milhões no mês passado, contra superávit US$ 258 milhões em janeiro do ano passado.
Financiamento
Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) diminuíram 28,4% na comparação interanual, demonstrado pelos reinvestimentos de lucro pelas empresas que já estão no Brasil. O IDP acumulou US$ 6,501 bilhões em janeiro, ante US$ 9,080 bilhões no mesmo período do ano passado, resultado de ingressos líquidos de US$ 4,726 bilhões em participação no capital e de US$ 1,776 bilhão em operações intercompanhia.
O IDP acumulado em 12 meses chegou a US$ 68,491 bilhões (3,16% do PIB) em janeiro, ante US$ 71,070 bilhões (3,25% do PIB) no mês anterior e US$ 66,581 bilhões (3% do PIB) no período finalizado em janeiro do ano passado.
O estoque de reservas internacionais chegou a US$ 328,303 bilhões em janeiro, recuo de US$ 1,426 bilhão em comparação ao mês anterior.