Contas públicas têm rombo de R$ 87,5 bilhões em agosto, diz BC
Ministério da Economia estima que a dívida bruta do setor público seja de 94% do PIB este ano
Foto: Agência Brasil
O Banco Central informou nesta quarta-feira (30), que as contas do setor público consolidado registraram um déficit primário de R$ 87,594 bilhões em agosto. Segundo a instituição, o valor abrange o governo federal, estados, municípios e empresas estatais. De acordo com a série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2001, esse foi o pior resultado para o mês de agosto em 19 anos. No mesmo mês de 2019, o déficit fiscal foi de R$ 13,448 bilhões. O déficit ocorre quando as receitas de impostos e contribuições do governo são menores do que as despesas.
Ainda segundo o BC, o rombo recorde está relacionado ao aumento de despesas diante da pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, e à queda na arrecadação fruto do tombo na atividade econômica e do adiamento no prazo de pagamento de impostos.
Em relação aos oito primeiros meses de 2020, as contas do setor público apresentaram déficit primário (receitas maiores do que despesas, sem contar juros da dívida) de R$ 571,367 bilhões. O resultado também foi o pior já registrado para o período na série histórica do BC. Em 2019, as contas do setor público tiveram um déficit primário de R$ 61,87 bilhões, ou 0,85% do Produto Interno Bruto (PIB).
Para este ano, havia uma meta de déficit para o setor público de até R$ 118,9 bilhões. Portanto, devido ao decreto de calamidade pública, proposto pelo governo e aprovado pelo Congresso Nacional por causa da pandemia, não será mais necessário atingir esse valor.
O BC informou também que a dívida bruta do setor público subiu novamente em agosto. O indicador é acompanhado mais atentamente pelas agências de classificação de risco. Em dezembro do ano passado, a dívida estava em 75,8% do PIB, somando R$ 5,5 trilhões. Em julho deste ano, já tinha avançado para 86,5% do PIB (R$ 6,21 trilhões) e em agosto bateu novo recorde atingindo 88,8% do PIB (R$ 6,38 trilhões). O Ministério da Economia estimou, nesta semana, que a dívida bruta do setor público pode encerrar este ano em 94% do PIB por conta dos gastos para combater a pandemia e pelo tombo esperado na economia.