Coronavírus ameaça transplante de órgãos e deve aumentar espera
Pandemia vai reduzir a quantidade de doadores, seja pelos riscos ou pela real contaminação
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Foto: Reprodução
O novo coronavírus traz uma grave consequência para pacientes que aguardam por um transplante de órgãos. Segundo avaliação da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a pandemia vai reduzir a quantidade de doadores, seja pelos riscos ou pela real contaminação.
Em condições normais são realizados cerca de 24,1 mil transplantes por ano no Brasil, o que já não dá conta das quase 38 mil pessoas na lista de espera, segundo os dados mais recentes do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT). A maioria espera por rins (66%) ou córneas (28%), e grande parte dos pacientes (41%) está em São Paulo, estado mais afetado pela pandemia de covid-19.
"O cenário é extremamente complexo. À medida que o coronavírus avança, precisamos de mais leitos nos hospitais, inclusive na UTI, e isso vai dificultando a realização dos transplantes", explica o médico José Huygens Garcia, presidente da ABTO.
"Por outro lado os transplantes de fígado, coração e pulmão precisam ser mantidos. Se estes pacientes não forem transplantados, eles vão morrer", alerta. Em dezembro, 1.178 pacientes no Brasil esperavam um fígado; 276, um coração; e 187, pulmão.
A tendência é que o covid-19 também diminua muito a captação de órgãos, pelo risco de contaminação causar maior descarte de doadores. E também há hospitais que são referência nos transplantes e também o são no atendimento aos contaminados pelo vírus, o que potencializa a disputa por leitos.
Em circular divulgada nesta semana, a ABTO admite os transplantes de córneas e pâncreas "podem ser postergados, mas não abolidos". Em 2019, estes procedimentos corresponderam juntos a 63% de todos os transplantes realizados no Brasil.