Covid-19 se propaga no Chile após abandono de isolamento social
Em 20 dias, internações de pacientes com 40 e 49 anos aumentaram em 80%
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As aplicações de doses da Pfizer, vacina contra a Covid-19, tiveram início no Chile no final de dezembro de 2020 e, em três meses, 26,5% de seu público-alvo estava, imunizados com as duas doses contra a doença. Essa grande oferta de doses em um curto período de tempo fez o programa de imunizações estar entre os cinco mais avançados do mundo, com o Reino Unido, Israel e Emirados Árabes Unidos.
Contudo, isso não foi o suficiente para impedir que o país vivesse o seu pior momento da pandemia da Covid-19. O Chile tem registrado mais de 8 mil contágios diários nos últimos dias e um recorde de ocupação de leitos de UTI [Unidade de Terapia Intensiva] em meio à segunda onda da doença.
Profissionais da saúde acreditam que a propaganda excessiva vangloriando o programa de vacinação teria transmitido a falsa sensação de segurança na população, o que fez com que muita gente deixasse de lado o isolamento social.
Na avaliação de especialistas consultado por ÉPOCA, em um período de 20 dias, entre 17 de março e 5 de abril, o número de internações em UTIs para tratamento da Covid-19 chegou a atingir 80,3% na faixa etária entre 40 e 49 anos.
“A curva ascendente [de contágios] se deve a uma disseminação viral durante o verão que o país não conseguiu controlar. A única maneira de controlar agora será com essas medidas mais intensas de quarentena que esperamos que tenham efeito. Isso significa que neste mês de abril teremos um período crítico porque os leitos de unidades de terapia intensiva estão no limite”, afirmou Miguel O’Ryan, professor no Programa de Microbiologia e Micologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Chile.
“Uma liberação das pessoas que fizeram festas super contaminantes. Tivemos um problema muito sério de fiscalização no começo do verão e só agora voltamos a ter regras mais rigorosas”, afirmou Jaime Mañalich, o ex-ministro da Saúde do Chile.
“Enfrentar a pandemia com uma épica nacionalista é uma receita segura para o fracasso. Provavelmente como estratégia mundial de saúde, é importante destinar mais vacinas e vacinar as pessoas mais pobres e vulneráveis. Se o Chile consegue ter uma boa vacinação, mas os países que estão ao lado não conseguem, o vírus vai continuar circulando, gerando variantes e esta pandemia durará muitos anos mais do que se espera”, completou.