CPI das Pirâmides Financeiras solicitará condução coercitiva de Ronaldinho Gaúcho
Comissão Parlamentar de Inquérito busca esclarecer relações do ex-jogador com a empresa 18K Ronaldinho
Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras decidiu solicitar a intervenção da Justiça para aplicar a condução coercitiva ao empresário e ex-jogador de futebol Ronaldo de Assis Moreira, mais conhecido como Ronaldinho Gaúcho. O ex-jogador já havia faltado à convocação do comitê na terça-feira (22) e novamente ignorou o chamado para comparecer na quinta-feira, apresentando uma justificativa para sua ausência. A condução coercitiva implica em levar uma pessoa à presença de autoridades, mesmo contra a sua vontade.
Ronaldinho Gaúcho e seu irmão e empresário Roberto de Assis Moreira estão sendo investigado pela CPI devido a uma possível associação com a empresa 18K Ronaldinho. Essa empresa está sendo investigada pela comissão por suspeitas de fraude envolvendo investimentos em criptomoedas. Marcelo Lara, um dos fundadores da empresa, não foi localizado e, conforme o presidente da CPI informou, existem informações de que ele está fora do país.
Na quinta-feira, o irmão de Ronaldinho, acompanhado por um advogado, foi o único a prestar depoimento como testemunha. Protegido pelo direito ao silêncio, garantido pelo habeas corpus, ele afirmou aos parlamentares que nunca foi sócio 18K Ronaldinho. Roberto alegou ainda que o irmão havia sido vítima da empresa, que segundo ele usou imagens do jogador sem autorização.
No entanto, ao ser questionado, ele admitiu ter mantido contratos com outras empresas associadas, como a 18K Watches, que produz relógios esportivos, a 18K Corporation e a 18K Marketing Multinível, pelas quais ele recebia royalties.
O deputado Aureo Ribeiro observou que a 18K Ronaldinho opera com trading e arbitragem de criptomoedas, prometendo lucros de até 2% ao dia. Ele também mencionou uma ação civil pública que busca indenização de R$ 300 por danos morais a clientes da empresa.
O relator da CPI, deputado Ricardo Silva (PSD-SP), indagou Roberto Assis, que é responsável pela imagem do ex-jogador, sobre as medidas adotadas diante das denúncias envolvendo a 18K Ronaldinho e sobre a utilização da imagem de seu irmão em peças publicitárias da 18K Marketing Multinível, uma das empresas ligadas aos mesmos proprietários. Algumas dessas peças publicitárias foram exibidas durante a sessão.
Em resposta, Roberto alegou que, ao notar que algo estava em desacordo com o contrato de venda de produtos, ele decidiu rescindir o contrato imediatamente. O presidente da CPI persistiu com as perguntas, indagando sobre a alegada ausência de contrato com a 18K Ronaldinho, apesar das propagandas da empresa utilizando a imagem de Ronaldinho. O irmão do jogador confirmou que as imagens foram usadas indevidamente, mas negou ter processado a 18K por isso.