Crédito para casa própria perdeu 20% do FGTS
Dinheiro para fins imobiliário foi o quarto destino do Fundo em 2022
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O financiamento imobiliário sempre foi um dos principais destinos do dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). No entanto, desde 2020, o crédito para a casa própria perdeu 20% dos recursos do Fundo.
No governo Bolsonaro, a equipe econômica propôs uma série de micro reformas para desregulamentar a economia e tentar dar mais liberdade aos indivíduos. Nessa empreitada, o uso do dinheiro do FGTS começou a ser flexibilizado, com a possibilidade de um inédito saque no mês do aniversário do trabalhador.
Diante da pandemia, as medidas para impulsionar a economia foram aceleradas, com destaque para a ampliação dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), por meio do saque extraordinário, como estratégia para injetar recursos na economia.
Embora os dias sombrios da pandemia tenham ficado para trás, os efeitos no FGTS permaneceram, e as iniciativas de saque conquistaram a aprovação dos trabalhadores formais.
Em 2022, os saques, incluindo aniversário e extraordinário, totalizaram R$ 60,5 bilhões, superando os R$ 54 bilhões retirados por trabalhadores demitidos sem justa causa pela primeira vez desde o início dos registros da Caixa.
No mesmo ano, apenas 13,2% dos recursos retirados foram direcionados para habitação, uma queda significativa em relação aos 19% destinados ao financiamento imobiliário no ano anterior. Essa redução fez com que a habitação, historicamente o segundo principal uso do FGTS, ficasse em quarto lugar em 2022, atrás do saque extraordinário e do saque aniversário.
Em comparação com 2020, houve uma queda de 20% nos recursos destinados ao financiamento da casa própria, representando cerca de R$ 6 bilhões a menos, algo que tem sido sentido pelo setor da construção civil, como evidenciam declarações recentes.
Atualmente, o governo está estudando a possibilidade de permitir o uso do FGTS Futuro no financiamento imobiliário de famílias de baixa renda, uma iniciativa que avança em relação às propostas anteriores e visa vincular uma parcela desses recursos dos trabalhadores à aquisição da casa própria.
Em um país com um déficit habitacional na casa dos milhões de unidades, incentivar a construção civil é sempre positivo. Resta agora saber se haverá confiança por parte das famílias para buscar crédito e dos bancos para ampliar a carteira de crédito imobiliário.