Crianças maiores de seis anos e adolescentes são maioria entre os que aguardam adoção no Brasil
No Dia Mundial da Adoção, campanha fomenta importância de romper estigmas
Foto: Agência Brasil
Crianças mais velhas, com alguma deficiência, adolescentes e grupos de irmãos integram os perfis menos buscados por quem pretende adotar no Brasil. Atualmente, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há cerca de 4 mil crianças e adolescentes aptos à adoção e 33 mil pessoas na fila de adotantes no país. No entanto, quase 70% dessas crianças têm mais de seis anos. A exigência de um perfil por parte do adotante é um fator que dificulta o processo e por isso a fila não é zerada.
No Dia Mundial da Adoção, celebrado nesta quarta-feira (9), a campanha ‘O amor não tem tamanho’, lançada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), em parceria com a Defensoria Pública (DPE) e o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), incentiva a aceitação e o acolhimento de adolescentes e crianças a partir de 6 anos.
Em entrevista ao Farol da Bahia, a coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Crianças e Adolescentes (CAOCA), promotora de Justiça Anna Karina Trennepohl, afirmou que é necessário que a população se conscientize sobre a importância da adoção para eliminar estigmas que cercam esse processo.
"Hoje, além do Dia Mundial da Adoção, celebra-se a promoção da família. É muito importante que as pessoas tirem os estigmas sobre a adoção. Isso porque há muitas crianças e adolescentes que foram afastados de suas famílias porque estavam em situação de risco ou vulnerabilidade. Essas crianças e adolescentes foram colocadas em abrigos para serem resguardadas”, afirmou a promotora.
“Se as pessoas que desejam adotar conhecerem as crianças que se encontram em abrigos, vão ver a quantidade de amor e carinho que elas podem proporcionar. Toda criança e adolescente tem direito a uma família. O Ministério Público quer incentivar as pessoas a descobrirem o que é um processo de adoção e como elas podem modificar a vida de uma criança, de um adolescente ou grupo de irmãos com apenas um ato”, completou.
De acordo com Anna Karina, o objetivo principal da campanha é ampliar o perfil buscado pelos futuros pais. Dados do Sistema Nacional da Adoção e Acolhimento (SNA) mostram que a maior quantidade de crianças e adolescentes disponíveis para adoção concentra-se na faixa etária de 6 a 17 anos. Esse perfil, no entanto, não corresponde ao mais desejado pelos habilitados à adoção, já que mais de 50% dos 39.957 pretendentes cadastrados têm preferência por crianças de até três anos.
Além deste fato, um levantamento do CNJ de 2019 aponta que 90% dos interessados na adoção buscam crianças de até sete anos, enquanto 67% das crianças e adolescentes disponíveis nos abrigos têm idades entre sete e 18 anos. Na Bahia, há cerca de 1003 pretendentes à adoção e 214 crianças e adolescentes disponíveis. Desses, 177 são maiores de seis anos.
“Se as pessoas não ampliarem o perfil, essas crianças e adolescentes vão crescer no abrigo e ao completar 18 anos vão ter que sair sem ter conhecido a família. Elas não terão oportunidade de experimentar o amor de uma família”, reforçou a promotora.
“A adoção de crianças acima de seis anos de idade e adolescentes é considerada necessária em razão da dificuldade de localização de famílias que tenham perfil adotivo para essa faixa etária. Por essa razão, a campanha pretende demonstrar que o amor não tem tamanho”, concluiu.
Como adotar?
Os interessados na adoção devem fazer um pré cadastro no endereço eletrônico (aqui). Outras informações sobre o processo podem ser conferidas no site da campanha (acesse aqui).