Crise de financiamento coloca em risco operações humanitárias em Gaza, afirma ONU
Corte de financiamento acontece após alegações de envolvimento de funcionários nos ataques de 7 de outubro
Foto: Unrwa
As operações de ajuda essenciais para os dois milhões de habitantes em Gaza enfrentam uma séria ameaça devido à crise de financiamento que impacta a Agência da ONU para Refugiados Palestinos (Unrwa). Representantes das Nações Unidas alertaram que as necessidades humanitárias consideradas "colossais" podem se agravar sem a atuação da agência.
O diretor de assuntos da Unrwa em Gaza, Thomas White, e vice coordenador humantitário da ONU para o Território Palestino Ocupado, expressou preocupações quanto à piora da situação humanitária após a decisão de 16 países doadores de suspenderem o financiamento da Unrwa. A suspensão ocorreu após alegações de envolvimento de alguns funcionários da agência em ataques terroristas ao sul de Israel em 7 de outubro, resultando em 1,2 mil mortes e mais de 250 reféns.
O mais alto órgão investigativo da ONU está conduzindo uma investigação a pedido da Unrwa, que desempenha um papel vital em Gaza como a maior organização humanitária do país. Após o anúncio de Philippe Lazzarini, comissário-geral da Unrwa, sobre a demissão dos funcionários envolvidos e a solicitação de investigação pelo Escritório de Serviços de Supervisão Interna da ONU, diversos países doadores suspenderam fundos, totalizando US$ 440 milhões em financiamento.
Durante o Comitê de Direitos Palestinos, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou que a Unrwa é a "espinha dorsal" da resposta humanitária em Gaza e fez um apelo aos Estados-membros para garantir a continuidade do trabalho da agência.
Trabalhadores humanitários alertam para o contínuo deslocamento de pessoas em busca de abrigo, especialmente na cidade de Khan Younis, no sul, onde os bombardeios persistem. Rafah tornou-se um "mar de pessoas" fugindo da violência, com dezenas de milhares forçados a fugir de combates apenas nesta semana, somando-se aos mais de 1,4 milhão que já buscavam refúgio no sul.
Com a maioria da população vivendo em estruturas improvisadas, a Unrwa teme que, sem financiamento, as pessoas fiquem sem alimentos e outros serviços essenciais. A agência emitiu um alerta urgente indicando que a fome está iminente.
Especialistas da ONU em direitos humanos destacaram que o conflito em Gaza é o "mais perigoso para jornalistas na história recente". Desde 7 de outubro, mais de 122 jornalistas e profissionais da mídia perderam a vida em Gaza, e muitos ficaram feridos. Três jornalistas no Líbano foram mortos em decorrência de bombardeios israelenses, enquanto quatro jornalistas israelenses foram mortos pelo Hamas nos ataques de 7 de outubro. Jornalistas palestinos enfrentam detenção e casos de assédio e intimidação por forças israelenses em Gaza e na Cisjordânia.
Os especialistas enfatizam o direito à proteção dos jornalistas como civis sob o direito internacional humanitário, considerando os ataques como crimes de guerra. Expressam preocupação com a recusa de Israel em permitir a entrada de mídia externa em Gaza, a menos que esteja integrada às forças israelenses. O grupo pede às autoridades israelenses que permitam a entrada de jornalistas em Gaza e protejam a segurança de todos os profissionais da mídia no Território Palestino Ocupado.