Economia

Crise faz varejo brasileiro perder um 'PIB do Uruguai' em dois anos

No total, as empresas perderam R$ 339,6 bilhões de valor de mercado

Por Da Redação
Ás

Crise faz varejo brasileiro perder um 'PIB do Uruguai' em dois anos

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O registro de juros altos, inflação resistente em níveis elevados e renda estagnada abalaram as vendas e fizeram as empresas brasileiras de varejo perderem R$ 339,6 bilhões de valor de mercado nos últimos dois anos. A desvalorização das ações Bolsa equivale ao Produto Interno Bruto (PIB) do Uruguai. As informações são do Estadão.

Essa desvalorização das ações na Bolsa equivale ao PIB do Uruguai, de acordo com Marcia de Chiara. Esse resultado foi influenciado pela crise da Americanas, mas não somente. As ações de 23 varejistas recuaram, em média, 59%.

“A demanda está muito fraca, especialmente para produtos que necessitam de financiamento”, diz Viviane Seda, da FGV. O cenário não é favorável a mudanças significativas no curto prazo, especialmente para venda de itens de maior valor, dizem economistas ouvidos pelo Estadão.

A pedido da reportagem, o economista da  Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes, calculou o valor de mercado de um grupo de 20 varejistas com papéis na Bolsa. Juntas, ao fim de 2020, essas empresas valiam R$ 527,810 bilhões. Mas, em dezembro do ano passado, essa cifra tinha recuado para R$ 188,149 bilhões, acumulando uma perda de quase dois terços (64%).

Em cumprimento de recuperação judicial desde o início do ano e com dívidas de R$ 42,5 bilhões, a Americanas lidera o ranking das companhias com maiores tombos nas ações do setor de varejo, segundo levantamento do economista Fabio Bentes da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Os papéis da empresa caíram 98,3% em dois anos, seguidos pelos da Mobly (-91,6%), de móveis; da Westwing (-87,3%), de decoração; da Marisa (-87,2%), de vestuário; da Via (-84,4%) e da Magazine Luiza (-83,3%).

Fabio Bentes também vê 2023 como mais um ano de estagnação. As projeções feitas por ele para o varejo restrito, que não inclui veículos e materiais de construção, é de crescimento de apenas 0,6% no volume de vendas.

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