Crítica | Dorival Caymmi: O mar azul de um homem de afetos

O documentário Dorival Caymmi: Um homem de afetos tem sua estreia nacional na próxima quinta, dia 25 de abril. O longa apresenta a vida de um dos maiores nomes da música brasileira que revolucionou o cenário musical no país e influenciou gerações de músicos seguintes. Além de focar na vida e na obra do cantor e compositor.

O filme é dirigido pela Daniela Broitman que traz o seu olhar sobre quem é o Caymmi de uma forma humanizada com os seus acertos e erros, assim, com sua vida como pai, avô, compositor, religiosos e sua relação com Salvador e a Bahia. Broitman além da direção, é a roteirista do documentário que sem dúvidas facilita na hora de entender a mensagem passada pela autora, principalmente pelo Caymmi. 

Já que o filme usa como base uma entrevista inédita, gravada em 1998, no auge dos seus 84 anos, ainda nos mostra as confidências de como ficou conhecido mundialmente e nos revela sua afetividade pelas coisas mais singelas da vida. Um dos pontos mais interessantes usados pela diretora é a forma de brincar com os trechos da entrevista, com os cenários das praias e das localidades de Salvador e com os depoimentos das pessoas presentes na vida do icônico Dorival. 

“Vamos chamar o vento, vamos chamar o vento…”

Foto: Reprodução/ Descoloniza Filmes

O Vento, o mar, o azul infinito que sempre esteve e está presente quando pensamos em Caymmi. E com essa premissa é possível notar durante todo o documentário o poder de uma cor e do modo que é fluido e leve cada parte dos relatos.

A narrativa já nos agrega com as falácias do cantor. Ela fica ainda melhor com as histórias inusitadas dos filhos Dori, Nana e Danilo Caymmi; os amigos Caetano Veloso e Gilberto Gil, que tiveram e têm esse homem de afetos como referências musicais. Além da ex-nora e compositora Ana Terra; o neto Gabriel Caymmi; o produtor e amigo Guto Burgos; e a ex-cozinheira e confidente Cristiane de Oliveira.

Assim como em todos os documentários, os relatos das pessoas sobre o personagem ou os acontecimentos são um ponto crucial para compreender a trama na totalidade. Em “Dorival Caymmi: Um homem de afetos”, isso não é diferente, mas assim com o vento que bate e refresca, as informações e os diálogos apresentados por cada indivíduo é de uma forma enriquecedora levando quem assiste para perto das lembranças guardadas de uma lenda que nos deixou.

"O bem de terra é aquela que fica. Na beira da praia quando a gente sai"

Um dos pontos que mais chama a atenção no longa é a conexão do músico com cada filho, sendo a principal ponte que nos une a Dorival e nos trazem suas visões diversificadas sobre a mesma pessoa. Nana, a filha mais velha de Stella Maris e Caymmi, durante seu relato mostra uma relação de amor e que às vezes ele bem conturbada por conta de ter pensamentos distintos, mas que isso nunca foi empecilho pela sua admiração. 

Assim como Dori Caymmi, que sempre lembra das memórias da família com muito carinho e além de ser um dos amantes da música do próprio pai. Já Danilo sem dúvidas é quem mais sentiu a presença do pai em vida, muito disso por ser o mais novo dos irmãos e sempre está colado com o Dorival Caymmi. 

Os três filhos seguiram com muita predisposição a vocação musical do pai e da mãe. Mostrando que a herança e o talento da música do cantor nunca vai sumir.

Já foi à Bahia?

Foto: Reprodução/ Descoloniza Filmes

A obra documental “Dorival Caymmi: Um homem de afetos” é claramente uma carta em vídeo para expressar todo o amor e carinho de um homem cheio de afetos, que no dia 16 de agosto de 2008 partiu, deixando um legado que jamais será esquecido. “Samba da minha terra”, “O que é que a baiana tem”, “Retirantes” músicas que marcaram e marcam gerações em todo o país.

Por fim, um homem de afetos simboliza a passagem poética de Dorival Caymmi. Das suas obras, dos seus acertos e erros com sua família e pelo seu talento de encantar e brilhar em tudo que fez em vida! 

4,5/5 🌊