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Da arquibancada ao Tetracampeonato: a Jornada Inesquecível de Zagallo

Velho Lobo esteve na seleção brasileira como jogador, técnico e coordenador-técnico

Por Stephanie Ferreira
Ás

Da arquibancada ao Tetracampeonato: a Jornada Inesquecível de Zagallo

Foto: Reprodução / Redes Sociais

A frase “vocês vão ter que me engolir” facilmente viraria meme nas redes sociais nos dias de hoje, na época a declaração dita por Zagallo, após a conquista da seleção brasileira na Copa América de 1997 teve grande repercussão e entrou para a história do futebol. Aos 92 anos, Mário Jorge Lobo Zagallo, na última sexta-feira (5), no Rio de Janeiro. 

O alvo da frase foi a imprensa, mais especificamente jornalistas esportivos que pressionavam e criticavam o então técnico da seleção. Mas, o desabafo emocionado com certeza não é o maior legado de Zagallo: ele é o único tetracampeão mundial de futebol com Seleção Brasileira da qual foi jogador, técnico e coordenador-técnico. 

Antes de ser um ícone da história futebolística do país, o Velho Lobo – como é também chamado, trabalhou na Copa do Mundo de 1950, mas do outro lado, na arquibancada. Aos 19 anos, Zagallo era militar da Polícia do Exército e esteve na equipe de segurança do Maracanã naquele dia. 


Oito anos depois, consolidado no Flamengo, ele foi convocado para disputa da Taça Oswaldo Cruz, em 1958. Após vencer, seguiu para Seleção Brasileira para disputar o título na Suécia. Esteve em campo nas seis partidas realizadas no Mundial, e fez um gol no jogo da vitória contra a Suécia (5x2). 

Usou novamente a camisa amarela em 1962 na Copa no Chile, em que o Brasil foi bicampeão. Com a marca de cinco vitórias e um empate contra a Tchecoslováquia, que voltou a enfrentar na final e venceu por 3 a 1.

Mas, a sua história com o time que representa o país não parou por aí. Em 1966, Zagallo já tinha aposentado as chuteiras e assumiu o Botafogo, com um início promissor conquistando o Campeonato Brasileiro em 1968.  Às vésperas da Copa do Mundo do México, em 1970, o Velho Lobo substitui o João Saldanha e se torna técnico da Seleção Brasileira que ganha o título de tricampeão. 

Em 1994, Zagallo foi novamente campeão conquistando o título, ainda inalcançado por outras seleções, de Tetracampeã, desta vez como coordenador técnico. Além disso, esteve também nas Copas de 1974, na Alemanha Ocidental (quarto lugar); de 1998, na França (vice-campeão), e de 2006, na Alemanha (quinto lugar), como assistente técnico.

Segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Zagallo das 238 oportunidades teve 168 vitórias, 51 empates e 19 derrotas. 

Zagallo encerrou sua carreira de treinador em 2001. Aos 79 anos, conquistou o tricampeonato carioca pelo Flamengo.

Velho Lobo

Mário Jorge Lobo Zagallo nasceu no dia 9 de agosto de 1931, em Atalaia, a 48 quilômetros de Maceió (AL).  Mudou-se para o Rio de Janeiro quando ainda era um bebê, onde ingressou em 1947 no time infantil do América.

A habilidade com a bola está no DNA, seu pai Aroldo Cardoso Zagallo também jogou futebol no time CRB de Alagoas. Mas, a vontade do patriarca era que o filho seguisse outro caminho e estudasse contabilidade. Mudando de ideia após o irmão mais velho de Zagalho o convencer a permitir que ele fizesse o que desejava. 

Zagallo permaneceu no América até 1950 quando foi convidado a fazer um teste no Flamengo. Aprovado, prestou, em paralelo, serviço militar, na época. 

Nos oito anos em que esteve no Flamengo disputou 205 jogos, marcou 29 gols e conquistou o tricampeonato carioca em 1953, 1954 e 1955. Foi nesta época que ganhou o apelido de "Formiguinha". Zagallo disputou 45 dos 77 jogos do tricampeonato carioca e marcou sete gols. 

Após a Copa do Mundo de 1958, ele saiu do Flamengo e atuou no Botafogo onde também obteve glórias, jogando ao lado de Nilton Santos, Garrincha, Didi e Quarentinha. 

Encerrou a carreira de jogador aos 35 anos e se tornou técnico do juvenil do Botafogo. Logo após, assume o time profissional, o levando ao bicampeonato estadual e uma Taça Brasil. Nos anos seguinte assumiu o cargo de técnico da Seleção Brasileira. Encerrando a carreira no Flamengo.

Enquanto jogava no Flamengo conheceu sua futura esposa, Alcina de Castro. No livro Zagallo – Um Vencedor, de Luiz Augusto Erthal e Vanderlei Borges, ela disse que sua família proibiu o namoro por conta da profissão escolhida ser uma “pratica considerada de malandro”. 

Apesar da resistência da família, se casaram no dia 13 de janeiro de 1955 e tiveram cinco filhos.  Aos 80 anos, Alcina morreu em 5 de novembro de 2012, vítima de insuficiência respiratória.

“Brasil campeão tem 13 letras” 

Outra característica marcante do tetracampeão é a superstição com o número 13. E tudo começou com a sua esposa, Alcina Zagallo que era devota de Santo Antônio. Por isso, Zagallo e Alcina se casaram no dia 13 de janeiro de 1955. Até para comprar um apartamento na Barra da Tijuca, foi exigido que fosse no 13º andar, aponta sua biografia. 

E a crença foi reforçada com a relação das partidas e o número: Ele foi campeão em 58: 5 + 8 = 13 e começou em 67 no Botafogo como treinador e foi campeão: 6 + 7 = 13. Depois foi campeão como auxiliar em 94: 9 + 4 = 13. 

Em 2004, outra frase do Zagalho ficou famosa: “Brasil campeão tem 13 letras”, dita com emoção depois do Brasil vencer a Argentina. “Vai ter hino nacional, aqui é verdinha-amarela.  Brasil campeão tem 13 letras, Argentina vice também! Santo Antônio é fé, é verde amarelo”, disse aos gritos durante entrevista. 

O ex-técnico foi homenageado pela CPF, EM 2022, com uma estátua em seu museu e recebeu também uma camisa amarela com o número 13. 

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