Decisão sobre prorrogação da desoneração da folha de pagamento ocorre nesta terça (24)
Projeto pode seguir para sanção presidencial se não houver recurso após análise na Comissão de Assuntos Econômicos
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado decide sobre a prorrogação da desoneração da folha de pagamento, após adiamento da votação devido a um pedido de vista, nesta terça-feira (24).Caso não haja recurso, o projeto, que conta com o apoio expressivo das lideranças partidárias, incluindo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), segue diretamente para sanção presidencial. No entanto, parlamentares da base de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) podem recuar da possibilidade de levar o assunto ao plenário, o que poderia resultar em uma dupla derrota para o governo.
O Senado tende a restabelecer o texto original aprovado na Casa, deixando de lado as modificações feitas na Câmara. O ponto de discordância gira em torno do benefício para as pequenas cidades. Enquanto os deputados aprovaram a redução da alíquota da contribuição previdenciária sobre a folha para todos os municípios, variando de 8% a 18%, dependendo da renda per capita, o relatório em avaliação na CAE do Senado tenta aprovar a primeira versão do texto, beneficiando apenas cidades com até 142 mil habitantes, com a diminuição do repasse de 20% para 8%.
A resistência do governo à medida se dá pela estimativa do Ministério da Fazenda de uma renúncia fiscal de cerca de R$ 9,4 bilhões. No entanto, a inclusão dos municípios pequenos nesse tipo de concessão é o que mais preocupa, pois representa uma renúncia sem precedentes em um momento em que a equipe econômica busca ampliar as fontes de arrecadação para manter o equilíbrio fiscal.
Apesar do posicionamento contrário, a tendência é que a ala não recorra para votar o projeto em plenário, acumulando assim mais uma derrota ao governo. Isso representaria um desgaste político não apenas para o Executivo, mas também para os parlamentares que liderassem tal pedido. Caso o grupo não consiga articular a exclusão dos municípios do projeto, o Planalto ainda tem a opção de promover vetos à proposta. O Ministério da Fazenda estuda um veto total, mas o governo reconhece que essa decisão geraria um desgaste com o Congresso, prefeitos e com os 17 setores que mais empregam.
Enquanto isso, o movimento pela aprovação se fortalece e conta com o apoio do próprio presidente do Senado. Pacheco defendeu a desoneração da folha e prometeu agilidade na votação caso o projeto vá a plenário. "A presidência do Senado tem uma posição favorável ao projeto. Consideramos que é importante a desoneração desses 17 setores que têm alta empregabilidade, cuja folha de pagamento representa muito custo a essas empresas, e é natural que haja um programa de desoneração prorrogado", justificou.
Pacheco se manteve neutro em relação a inclusão dos municípios. "Sendo uma vontade da Câmara e do Senado, a questão previdenciária dos municípios será decisão do entendimento da maioria, e vamos respeitar evidentemente, mandando à sanção do presidente da República."
Caso seja aprovada, a medida valerá até dezembro de 2027. O desafio do Congresso é concluir a análise da proposta antes do vencimento até então previsto. A desoneração da folha teria se encerrado em 2020, mas o Congresso aprovou a prorrogação até o final de 2021. Um novo projeto, aprovado pelo Congresso e sancionado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estendeu a medida até dezembro de 2023.
A desoneração da folha de pagamento substitui a contribuição previdenciária patronal sobre a folha de salários por uma contribuição incidente sobre a receita bruta do empregador. Essa mudança permite que empresas contratem mais empregados sem gerar aumento de impostos, uma vez que a contribuição se ajusta ao nível real da atividade produtiva. A medida beneficia setores como confecções, construção civil, tecnologia da informação, entre outros, que geram cerca de 9 milhões de empregos formais.