'Demanda antiga do movimento negro', diz Ângela Guimarães sobre nova delegacia especializada em crimes de intolerância religiosa
Inaugurada nesta terça-feira (21), a unidade está localizada no bairro Engenho Velho de Brotas
Foto: Farol da Bahia
A secretária de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (Sepromi), Ângela Guimarães (PCdoB), afirmou nesta terça-feira (21), em conversa com a imprensa, que a sanção do governador Jerônimo Rodrigues (PT) à lei que cria a nova sede da Delegacia Especializada de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa (Decrin) será fundamental para enfrentar esses crimes no estado.
Segundo ela, a criação de um ambiente com profissionais especializados para atender essas ocorrências é uma demanda antiga do movimento negro e garantirá mais agilidade na tramitação, investigação e julgamento dos processos relacionados aos crimes de racismo e intolerância religiosa.
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“Essa delegacia é uma conquista histórica e, sem dúvidas, será um divisor de águas no engajamento institucional da Bahia na defesa do direito à liberdade religiosa e à dignidade humana para que as pessoas não sejam afetadas pelo racismo e pela intolerância. No entanto, sabemos que a ocorrência desses crimes tem crescido no Brasil e na Bahia”, afirmou a secretária.
“Ter um espaço especializado, com uma equipe qualificada para atender vítimas de racismo e intolerância religiosa, responde a uma demanda apresentada há bastante tempo pelo movimento negro. Isso representa um grande avanço na investigação e no julgamento desses crimes. Muitas vezes, quando as pessoas vítimas desses crimes são atendidas em ambientes sem essa qualificação, os casos não têm desdobramento”, completou.
A nova sede da delegacia, inaugurada na manhã de hoje, está localizada na Rua Padre Luiz Figueira, no bairro Engenho Velho de Brotas, em Salvador.
Dia de Nacional de Combate à Intolerância Religiosa
Todo ano, no dia 21 de janeiro, é lembrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A data tem como objetivo promover o diálogo, a tolerância e o respeito entre todas as religiões, com especial atenção às de matriz africana, como o candomblé e a umbanda.
De acordo com os dados do Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, órgão vinculado à Sepromi, entre 2013 e 2024, houve um total de 1.251 denúncias de racismo, intolerância religiosa e casos relacionados na Bahia.
Desse total, 759 foram incidentes relacionados a racismo, 397 a intolerância religiosa e 95 casos foram correlatos. Até o momento, em 2024, já foram registrados 105 casos.
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