Denúncias de violência contra crianças e adolescentes tem queda de 12% no Brasil
Especialistas acreditam que fechamento de escolas pode ter dificultado notificações
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O número de denúncias de violência contra crianças e adolescentes no Brasil registrou uma queda de 12% durante o período da pandemia em 2020 em comparação com os dados do ano anterior. Foram 26.416 denúncias pelo canal "Disque 100", entre março e junho deste ano, contra contra 29.965 no mesmo período de 2019, apontou o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.
O número obtido neste ano é o segundo menor durante o período da série histórica, iniciada em 2011. Ele só superou as 24.188 denúncias que foram feitas em 2018.
O advogado, especialista em direitos da infância e juventude e ex-conselheiro do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Ariel de Castro, acredita que o fechamento das escolas, em razão do distanciamento social, pode ter influenciado nessa queda.
“A subnotificação das denúncias acaba sendo um efeito colateral do isolamento social e da suspensão de aulas para conter as contaminações por Covid-19. A maioria dos casos são descobertos por meio das escolas, mas os educadores e cuidadores de creche costumam se preservar e fazer denúncia anonimamente no 'Disque 100' ou nos Conselhos Tutelares. As denúncias são em sua maioria de negligência, além dos casos de violência física, psicológica e sexual”, disse ao G1.
O último relatório anual sobre violações de direitos humanos, divulgado em maio, apontou recebimento de 86.837 denúncias relacionadas a crianças e adolescentes no país em todo o ano de 2019, aumento de 14% em relação a 2018. As principais violações foram negligência (62.019), violência psicológica (36.304), violência física (33374) e violência sexual (17.029). As denúncias podem conter mais de um tipo de violação.