Deputada bolsonarista leva filha bebê para ocupação da Câmara, admite uso de criança como “escudo”, e é acionada no Conselho Tutelar
Júlia Zanata (PL-SC) chegou a sentar na cadeira da Presidência da Câmara com a filha no colo

Foto: Divulgação
A deputada bolsonarista Júlia Zanatta (PL-SC) levou a filha bebê para a ocupação no plenário da Câmara organizada pela oposição, na noite de quarta-feira (6). A parlamentar admitiu que estava usando a criança como "escudo".
"Os que estão atacando minha bebê não estão preocupados com a integridade da criança (nenhum abortista jamais esteve) eles querem é INVIABILIZAR o exercício profissional de uma MULHER usando SIM uma criança como escudo 🛡️ CANALHAS!", escreveu nas redes sociais.
Em resposta, o deputado federal Reimont (PT-RJ) acionou o Conselho Tutelar contra Zanatta. Segundo ele, a postura da colega “suscita sérias preocupações quanto à segurança da criança”. Reimont é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
"Tal conduta suscita sérias preocupações quanto à segurança da criança, que foi exposta a um ambiente de instabilidade, risco físico e tensão institucional, circunstâncias que contrariam o previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)", escreveu o deputado no documento enviado ao Conselho Tutelar de Brasília.
Zanatta chamou a ação de Reimont de hipocrisia e disse que levou a filha para a Câmara devido a necessidade de amamentar. "Levarei minha filha para amamentar onde eu tiver que ir. Em pleno agosto dourado, mês de incentivo ao aleitamento materno ver feministas me atacando por conciliar maternidade e trabalho é EMBLEMÁTICO: expõe toda a hipocrisia desse movimento."
Os oposicionistas ocupam desde a terça-feira (5) os plenários de Câmara e Senado. Eles protestam contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Se condenado, ele pode pegar pena de até 44 anos de prisão.
Após passarem a madrugada em vigília nos dois plenários principais do Congresso, os parlamentares ocuparam também o auditório Nereu Ramos. No Senado, um grupo de parlamentares se acorrentou na mesa de trabalho, entre eles Magno Malta.
Para conseguir realizar a sessão de quarta, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), fechou o acesso ao plenário e a polícia legislativa se posicionou na porta. Ele iniciou conversas com líderes para a desocupação. em uma negociação que durou cerca de duas horas.
“Não podemos deixar que projetos pessoais e até projetos eleitorais possam estar à frente do que é maior que todos nós: o nosso povo”, disse Motta depois de conseguir sentar na cadeira da presidência, gesto que havia sido impedido pelos deputados.
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