Deputados pedem que governo Lula classifique grupo Hamas como organização terrorista
Documento foi enviado ao Itamaraty por 61 deputados federais
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Um grupo de 61 deputados federais busca a classificação do grupo extremista Hamas como uma organização terrorista pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty). Eles pedem a formalização de um pedido pela Câmara para que a classificação aconteça. O pedido faz parte de um movimento de pressão da oposição.
O Hamas atacou o território israelense no último sábado (7). Desde então, Israel realiza contra-ataques. O número de mortos em decorrência do conflito chegou a 1,9 mil nesta quarta-feira (11).
“A declaração oficial do Hamas como organização terrorista é de extrema importância para que o governo brasileiro possa tomar medidas firmes contra a organização”, diz a indicação protocolada nesta quarta-feira (11) pelos parlamentares.
O plenário da Casa não é obrigado fazer uma votação do pedido da oposição. O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) lidera o pedido. A maioria dos parlamentares (42) que pedem a classificação do Hamas como grupo terrorista é do PL. Os outros fazem parte do Republicanos, Podemos, MDB, PSD, União Brasil, PP e Novo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem enfrentado críticas devido à falta de uma condenação enfática do Hamas. Sob essa pressão, o presidente divulgou um novo comunicado em suas redes sociais, dirigido ao secretário-geral da ONU, no qual pede a libertação das crianças mantidas como reféns pelo Hamas, um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a possibilidade de uma 'intervenção humanitária internacional'.
Posicionamento do Brasil
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) afirmou nesta quarta-feira (11) que o Brasil tem uma posição "clara" contra o terrorismo e que a classificação do grupo Hamas como terrorista cabe à Organização das Nações Unidas (ONU). Em coletiva, o embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte, secretário de África e de Oriente Médio do Itamaraty, falou sobre o conflito entre Israel e o Hamas.
"O Brasil, logo em seguida a esses ataques, os condenou e o presidente da República, logo em seguida, repudiou o terrorismo. Essa posição do Brasil é muito clara e é muito forte", disse o embaixador. "Os desdobramentos políticos de um conflito, como o conflito Israel e Palestina, é algo que está sendo tratado pelo Conselho de Segurança", completou.
O MRE não classifica o Hamas como grupo terrorista. Historicamente, o governo brasileiro só classifica uma organização como terrorista em caso de manifestação nesse sentido pela ONU. Em notas divulgadas pelo governo brasileiro desde o início do conflito, no sábado (7), o Itamaraty e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenaram os ataques terroristas.
Reféns
Horas após afirmar em vídeo que havia cidadãos brasileiros entre os sequestrados pelo Hamas, Jonathan Conricus, o porta-voz internacional do Exército de Israel, disse à Folha que pode haver brasileiros, mas que isso não está completamente confirmado.
Conricus declarou que informações sobre a possível presença de brasileiros são fruto de relatos de fontes anônimas e do trabalho em campo dos militares. "A situação toda é muito fluida neste momento, realmente torcemos para que não haja brasileiros entre os sequestrados", afirmou o militar.
Segundo um balanço lançado neste ano pelo Itamaraty, Israel é o segundo país do Oriente Médio com mais brasileiros residentes - ao menos 14 mil, perdendo apenas para o Líbano, com 21 mil. Já no território palestino seriam 6 mil brasileiros.