Desaceleração econômica da China pode afetar o Brasil, aponta presidente do BC
Crise imobiliária chinesa e o envelhecimento da população são apontados como principais fatores

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Durante palestra nesta segunda-feira (21), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a desaceleração da economia da China deve impactar negativamente no crescimento do Brasil e dos demais países da América Latina.
Segundo Neto, além da pandemia da Covid-19, a crise imobiliária chinesa e o envelhecimento da população estão entre os principais fatores da queda de crescimento do país asiático.
“Acho que a preocupação é que um crescimento menor na China possa dificultar o crescimento da América Latina e o crescimento do Brasil. Acho que o ponto principal é entender que esse processo vai acontecer de tal forma, e tomar as medidas, e se reinventar para que isso tenha o mínimo de efeito possível”, afirmou em palestra virtual promovida pelo Canal AgroMais.
“A gente começa a ver, e a própria autoridade chinesa tem dito, que a gente vai ver um crescimento da China mais perto do crescimento mundial, não tão descolado, ainda que seja acima”, acrescentou.
Inflação
Na palestra, o presidente do BC voltou a destacar que a tendência de inflação no Brasil segue sendo de crescimento. Segundo ele, o aumento de preços no país está sendo impulsionado principalmente pela área de energia. Neto citou dados de janeiro, comparando com os do mesmo período do ano passado.
“A gente vê de fato uma tendência de inflação que ainda é crescente. A inflação do Brasil, de fato, foi uma das mais elevadas do mundo, 10,4%, mas o Brasil teve a maior inflação de energia do mundo, de 5,8%. E se a inflação do Brasil de energia tivesse sido a média dos outros países [em torno de 2%], a nossa inflação também teria sido igual a dos outros países [em torno de 6,7%]. Basicamente o que levou a inflação do Brasil acima da média foi energia”, afirmou.
Os dados do BC comparam a inflação brasileira de janeiro de 2022 (10,4%), no acumulado dos últimos 12 meses, com os últimos números disponíveis da inflação da Turquia, 36,1%; Rússia, 8,4%; Chile, 7,9%; Estados Unidos, 7,5%; Colômbia, 6,9%; Espanha, 6,5%; Peru, 6,4%; África do Sul, 5,9%; Holanda, 5,7%; Índia, 5,6%; área do Euro, 5%; Alemanha, 4,9%; Itália, 4,8%; França, 2,9%.