Devido a falta de infraestrutura, bairros periféricos sofrem mais com as chuvas em Salvador
Ocupação desordenada na cidade é uma das causas, diz especialista
Foto: Reprodução / TV Bahia
A mudança de tempo não atinge todo o mundo da mesma forma, principalmente, devido a falta de estrutura de alguns bairros. Em Salvador, as fortes chuvas tendem a causar mais estragos quando caem em grandes quantidades nos bairros periféricos. O diretor da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Sóstenes Macêdo, disse, em entrevista ao Farol da Bahia, que os bairros periféricos sofrem mais consequência das chuvas por passarem, em sua maioria, por um processo de ocupação irregular.
"Essas localidades passam por processos de ocupação irregular, que muitas vezes levam a um risco maior. O plantio inadequado de vegetação ou colocação de lixos e entulhos de forma irregular, por exemplo, são motivações que se desdobram em risco. Então, invariavelmente, essas localidades que não tem uma infraestrutura melhor elaborada sofrem mais nesse período mais chuvoso”, explicou.
Em abril deste ano, a Codesal registrou 3.725 ocorrências. Do total, foram 946 ameaças de deslizamento e 662 ameaças de desabamento. A expectativa de chuvas em Salvador para todo o mês de abril era de 295,7 mm. Contudo, apenas a região da Base Naval de Aratu, localizada no Subúrbio Ferroviário de Salvador, acumulou no mês de abril 533,2 mm de chuvas. Ainda de acordo com o diretor da Codesal, é necessário que moradores de áreas de risco estejam sempre atentos. “Em todas as regiões as quais a Codesal já mapeia e aponta como área de risco, sobretudo aquelas que contam com as sirenes do Sistema de Alerta e Alarme, é válido alertar para as pessoas que quando observarem algum tipo de escorregamento de terra, fissura ou rachadura no imóvel saiam das suas casas e liguem para o 199 e aguardem um técnico da Codesal realizar a vistoria e apontar os melhores caminhos para a situação. A Codesal trabalha e funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano, atendendo sempre a população de Salvador”, disse.
No total, são 11 sirenes do Sistema de Alerta e Alarme do órgão instaladas em 10 comunidades de Salvador. Quando a sirene tocar, a instrução da Codesal aos moradores de área de risco é a saída imediata do imóvel, portando apenas documento e remédios. Em seguida, essas pessoas devem esperar um técnico para serem conduzidas aos abrigos organizados pela Prefeitura em escolas municipais. O passo seguinte é a vistoria pela Codesal da área e dos imóveis evacuados a fim de avaliar a viabilidade de cada morador deslocado retornar para a própria residência. Se o imóvel estiver comprometido pela chuva, os desalojados ou desabrigados serão cadastrados na Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre), para que possam ter acesso ao auxílio moradia.
De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Salvador lidera o ranking do nordeste com o maior número de pessoas vivendo em áreas com risco de desabamento e alagamento. O levantamento aponta que cerca de 50% da população soteropolitana vive em zonas de risco e, ainda segundo o IBGE, a capital baiana ocupa o 3º lugar no ranking de todo o país.
Em concordância com a afirmação de Sosthenes de que os bairros periféricos de Salvador sofrem com a falta de infraestrutura, especialistas afirmam que a ocupação desordenada na cidade é uma das causas dos desastres que já provocaram a morte de dezenas de pessoas. Ainda de acordo com a Codesal, a capital baiana tem 400 áreas de risco e, nestes locais, são mais de mil pontos de perigo. As áreas que correm mais riscos na capital baiana são os bairros de São Caetano, Bom Juá e Castelo Branco, todos considerados periféricos.
Previsões
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de muitas nuvens com possibilidade de chuva isolada, durante este final de semana, em Salvador. Devido a instabilidade, a Codesal permanece com o plantão 24 horas atendendo às solicitações pelo telefone gratuito 199.
