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Bahia

Dia de Cosme e Damião: tradição e devoção fazem parte das homenagens

Em setembro, devotos costumam distribuir doces ou oferecer o tradicional caruru

Por Ane Catarine Lima
Ás

Dia de Cosme e Damião: tradição e devoção fazem parte das homenagens

Foto: Farol da Bahia

Há mais de 17 anos, distribuir doces às crianças para celebrar São Cosme e São Damião é tradição na família do bombeiro hidráulico Pedro Edno, de 50 anos. Além de seguir os costumes de sua mãe, o baiano contou ao Farol da Bahia que fez uma promessa aos santos e desde então oferece bala ou o famoso “queimado” para as crianças no dia 27 de setembro.

“Quando eu era pequeno via minha mãe fazendo reza para São Cosme e São Damião e ela sempre dava bala para os meninos. Eu era bem pequeno, mas cresci vendo isso e sempre achei bonito. Tinha samba, era lindo demais… Só você vendo para acreditar como era bonito aquele samba de antigamente que, infelizmente, hoje não tem mais”, explicou Edno, que nasceu e passou a infância em Santo Antônio de Jesus, cidade do interior da Bahia.

“Depois que cresci, vim morar aqui em Salvador e fiz uma promessa a São Cosme e Damião. Se eles me ajudassem em algo, prometi que todo ano na mesma data, no dia de São Cosme e Damião, eu daria bala para os meninos. Eu consegui realizar, os santos me ajudaram a realizar a promessa. Todo dia 27 a tarde eu distribuo bala para as crianças aqui da Federação, bairro onde eu moro”, completou.

Os baianos, além de distribuir doces, também têm o costume de oferecer caruru em homenagem aos santos no mês de setembro. Edno, que sempre esteve ligado às tradições, revelou que também tem vontade de homenagear os santos com a típica comida baiana.   “Essa data é de muita fartura, muita comida. Vejo na rua muita gente servindo cururu e acho isso muito bonito. Ainda vou fazer isso um dia. Com a fé de Deus eu ainda irei servir um caruru para todo mundo na rua, essa data é muito importante”, afirmou o baiano.

Mas quem são esses santos?

Quando falamos em São Cosme e São Damião lembramos, na hora, das tradições que envolvem esses nomes. No entanto, muitas pessoas não sabem como esses costumes começaram ou, ainda, quem são esses santos. Em entrevista, Padre Damião explicou que, para a religião católica, Cosme e Damião eram dois irmãos gêmeos que estudaram medicina e atuaram por muitos anos fazendo caridade, ajudando pessoas doentes com seus dons considerados curandeiros.

“São Cosme e Damião eram cristãos árabes que moravam onde hoje é a Síria. Jovens de família cristã, eles estudaram medicina e se dedicaram à prática da caridade. Através da medicina, eles viveram fazendo esses serviços de caridade sem cobrar nada em troca. Isso tudo aconteceu durante a perseguição aos cristãos pelo Império Romano, quando Diocleciano estava no governo. Naquela época, muitos mártires e seguidores da igreja foram perseguidos e mortos. São Cosme e Damião junto com seus outros três irmãos também foram martirizados e decapitados por serem cristãos”, explicou o religioso.

Embora sejam considerados pelas religiões de matriz africana como santos protetores das crianças, Cosme e Damião também são para a igreja católica, segundo o Padre Damião, “invocados como protetores dos médicos e dos farmacêuticos”.

“Por causa do sincretismo religioso, os santos também são vistos como protetores das crianças. A priori, no entanto, são Cosme e Damião sempre foram invocados como santos médicos, protetores contra as enfermidades. Então, são padroeiros dos médicos e farmacêuticos. Segundo os antigos, o primeiro transplante na medicina foi realizado pelos irmãos gêmeos. Eles colocaram a perna de um negro em um homem branco, esse é um dos milagres de São Cosme e Damião”, afirmou.

Sobre o costume de oferecer doces para homenagear os santos, Padre Damião disse que o sincretismo religioso é a resposta. “Existe uma ligação cultural que associou São Cosme e Damião, que são santos gêmeos, às entidades infantis do candomblé. Na religião de matriz africana, as entidades infantis se alimentam de doces. Mas em algumas famílias católicas, por exemplo, se assumiu a entrega do doce porque trata-se de um sinal de alegria, é um carinho que se faz às crianças. Então, distribuir doces virou uma tradição da festa de São Cosme e Damião por causa do sincretismo religioso, mas também foi assumido na religiosidade popular como um elemento de homenagem e carinho com as crianças", explicou o padre.

Data

Em 1969, a igreja católica alterou o dia de São Cosme e São Damião para o dia 26 de setembro. Mas, pela tradição, a maioria das pessoas ainda comemora no dia 27. “Antes, a igreja celebrava o dia de São Cosme e Damião no dia 27 de setembro, por isso a tradição nesta data”, explicou o padre.

“Mas, depois da reforma litúrgica, colocou-se no dia 27 a celebração de São Vicente de Paula porque não se sabia ao certo o dia do martírio dos santos gêmeos. Com isso, a celebração de São Cosme e Damião foi transferida para o dia 26 de setembro”, concluiu.
 

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