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Dia de Finados: 'A vida não termina em uma tumba fechada', diz padre Jaciel Bezerra sobre a morte

Segundo ele, o dia dos fiéis falecidos é de oração, mas também deve ser de alegria

Por Emilly Lima
Ás

Dia de Finados: 'A vida não termina em uma tumba fechada', diz padre Jaciel Bezerra sobre a morte

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Como forma de fazer memória e rezar pela alma daqueles que já partiram da Terra, a Igreja Católica dedica o dia 2 de novembro para celebrar os fiéis falecidos. Contudo, segundo o Padre Jaciel Bezerra, que é especialista em Tanatologia (estudo sobre a morte), a Igreja não retrata a morte como o fim, mas sim o começo da vida eterna.

Segundo o sacerdote, o fiel tem o direito de se resguardar, chorar e sentir saudade, mas também deve olhar a morte do ente querido por outra perspectiva. "O cristão pode e deve ter outro olhar porque a morte não é o fim. Para muitos a morte é como se fosse colocar uma pedra em cima com a terra e acabou, mas não. A vida não termina em uma tumba fechada, é ao contrário. A morte é uma passagem para a vida eterna. Nós cristãos devemos ver o Dia de Finados como um dia de oração e um dia alegre também porque é a certeza de que o falecido passou para a outra vida, a ressurreição de Jesus", explicou o padre.

Apesar da orientação de passar a ver a data com outro olhar, para alguns fiéis a data é um momento de reclusão e oração durante todo o dia. Como é o caso da católica Maria Catarina Nunes, de 60 anos, que afirmou ao Farol da Bahia que até o som é proibido ligar em casa. "Não saio porque é uma data que a gente tem que ficar dentro de casa. Nem som a gente liga. Não gosto e não acho certo porque é um dia de respeito pelos finados. É um dia para ir para a Igreja e rezar. É um dia realmente de oração", disse.

"É uma data importante porque a gente tem muitos entes queridos, como pai, mãe, irmãos que Deus já levou. Eu relembro muito deles, por isso é tão significativo para mim. Sempre rezo pelos defuntos pelo menos quatro vezes ao dia e acendo velas para eles", completou.

Celebrar os fiéis defuntos é uma prática antiga que pode ter sido ensinada pelos apóstolos ainda nos primeiros séculos, segundo explica o padre, a partir da confirmação do Santo Isidoro de Sevilha. "A fundamentação de parar um dia no ano, rezar pelos fiéis defuntos, acender uma vela, orar, chorar e todos os outros costumes estão fundamentados nos fundamentos dos apóstolos. A nomenclatura correta que a Igreja utiliza é Dia de Todos os Fiéis Falecidos, mas no popular ficou Dia de Finados", disse o sacerdote.

Purgatório

Segundo o padre Jaciel, a Igreja Católica é peregrina, purgativa e triunfante, porém, celebrada no Ministério Pascal. Ou seja, ministério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. "Peregrina porque nós estamos nesse mundo em peregrinação. A nossa vida aqui é uma passagem e vai chegar o momento que cada um de nós vai encerrar essa missão. A partir daí, há aqueles que vão direto para o céu, mas há outros que vão direto para o purgatório, até chegar a sua triunfante ressurreição, que é o encontro com Cristo", explicou ao Farol da Bahia.

Ao comentar sobre o processo do purgatório, o especialista em morte pontuou que todas as pessoas são convidadas a crer na esperança, sempre pensando na ressurreição. "O purgatório é o momento em que as almas podem ser purificadas. Estando no purgatório, o falecido tem essa segunda oportunidade para ser purificado e ser aceito por Deus na vida eterna. O purgatório não é uma coisa assustadora, é um momento de proporcionar à alma do sujeito uma purificação", disse padre Jaciel. 

Mensagem para os fiéis

Como mensagem aos fiéis que participarão das missas de finados nesta quarta-feira (2), o padre Jaciel convida a refletir sobre encarar a data com um dia feliz porque os mortos passam para a glória eterna.

"Eu creio que independente do pecado, da passagem do sujeito na terra, diante da misericórdia de Deus, todos iremos morar no céu e ter a ressurreição. Devemos sim nos alegrar, e chorar e sentir saudade também faz parte, mas, acima de tudo isso, acreditar na ressurreição", pontuou. 

O sacerdote deixou uma mensagem para os leitores do Farol da Bahia:

"A distância nos permite apenas a saudade, mas nunca o esquecimento. Depois da partida dos nossos entes, fica somente a saudade e distância entre a Terra e o Céu. E essa distância entre os nós nos permite somente a saudade porque nunca serão esquecidos", finalizou o padre. 

 

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