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Dia de Finados: conheça as principais tradições no Brasil e no mundo para celebrar a data

Data foi estabelecida como feriado nacional no Brasil em 2002

Por Laís Lopes
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Dia de Finados: conheça as principais tradições no Brasil e no mundo para celebrar a data

Foto: Reprodução

O Dia de Finados, conhecido também como o Dia dos Fiéis Defuntos pela Igreja Católica, foi instituído no século X pelo abade Odilo, na abadia beneditina de Cluny, na França. Foi ele quem estabeleceu também a data 2 de novembro como oficial, para unificar as comemorações aos mortos. No Brasil a data foi estabelecida como feriado nacional em 2002, criando a tradição onde milhões de pessoas lembram de seus queridos falecidos e visitam suas lápides nos cemitérios com flores, velas, sentimentos e orações.

No entanto, cada nacionalidade celebra esta data de formas diferentes, como por exemplo no México que são feitas oferendas com comidas e bebidas preferidas dos mortos, com altares montados e ruas enfeitadas. Nessa cultura também é comum que as pessoas se fantasiem, dancem e cantem pelas principais ruas da cidade.

Dia de Finados no México - Reprodução

Já no Japão, a data é comemorada com o Festival Tooro Nagashi, o festival mais longo do país com o objetivo de homenagear os ancestrais. A principal crença base do ritual é que durante os dias do festival, os espíritos retornam para o mundo dos vivos e visitam suas famílias. De acordo com a tradição, todos acendem as lanternas e as penduras na frente das casas para que os espíritos dos antepassados possam ser guiados de volta a seus lares.

Festival Tooro Nagashi - Reprodução/ Twitter

Na China, o Festival Ching Ming marca a comemoração das famílias, que visitam os túmulos dos queridos por dias para fazer limpeza, fazer a manutenção das placas com os nomes e enfeitar as sepulturas. Algumas famílias também costumam colocar comidas nas lápides como uma oferenda a seus familiares. Faz parte do ritual também a queima de fogos de artifício e de notas falsas de dinheiro. Os chineses acreditam que tudo que é ofertado nesta data, chega aos queridos do outro lado da vida.

Festival Ching Ming - Reprodução/ The Star

Na Índia a comemoração do Dia de Finados é chamada de Pitru Paksha, um ritual que dura 15 dias. Os indianos acreditam que essa celebração conduz um equilíbrio com as forças da natureza, pois todas as almas, vivas ou mortas, fazem parte da mesma força vital que é a base da criação.

Pitru Paksha - Reprodução/ Yash Sheth

O historiador Ricardo Carvalho, explicou que no Brasil as tradições vão se modificando com o passar dos anos. O hábito de visitar o túmulo dos mortos vai se perdendo, e cada vez menos pessoas são vistas no cemitério nesta data.

‘’É curioso isso, não se faz história por decreto definitivamente, então tradições passam, outras surgem. As relações que se tem com determinadas manifestações da cultura também vão se alterando. Muitos fatores podem ser responsabilizados por isso, a mudança da cultura, a globalização, o advento das tecnologias digitais, tudo isso acabou mudando muito essa relação que se tem com o Dia de Finados. Nós, mais velhos, sabemos que o Dia de Finados era um dia de muito recolhimento, de oração, de um certo cuidado, de lembrança das pessoas que já passaram. Hoje a gente já não vê isso com tanta força, a gente já não vê isso com tanta ênfase, pelo menos aqui no Brasil e particularmente na Bahia, mas em outros países o culto ao 2 de novembro continua muito forte’’, disse.

Ricardo também comentou sobre o hábito de algumas famílias de enterrar seus queridos em túmulos grandes, como diversos símbolos e até mesmo mausoléus. De acordo com o historiador, essa pratica surgiu com o objetivo de demonstrar a grandeza da pessoa falecida.

Mausoléu - Reprodução/ Pixabay

‘’A prática das imensas câmaras mortuárias é muito antiga. A cultura mortuária dos grandes túmulos, pujantes, são como se fossem uma tentativa de perpetuar depois da morte a grandeza daquele personagem. Podemos identificar, por exemplo, nos ignorantes da Mesopotâmia, dos grandes túmulos, como as pirâmides, por exemplo, e as mastabas dos egípcios, das grandes catedrais, por exemplo, que abrigavam corpos dos reis, das figuras da nobreza durante uma boa parte da história da Idade Média, da Idade Contemporânea, os arcos romanos, e hoje algumas famílias mais abastadas fazem túmulos chamativos para não só elevar o nome da família, como também para tentar equivaler, após a morte, a vida daquelas pessoas que eles consideram’’, disse.

Enfrentando o luto no Dia de Finados

Lidar com o luto é sempre difícil, e as pessoas tendem a aprender da pior forma o conceito da impermanência: nada é permanente, a não ser a própria impermanência das coisas. O padre Jaciel Bezerra, pároco da Paróquia Divino Espírito Santo no bairro Vale dos Lagos, em Salvador, explicou que o luto é um processo natural da vida e que é necessário passar por ele, mas estando sempre atento para que esse processo não se torne uma patologia.

‘’Ninguém quer passar pela morte, nós não aceitamos perder os nossos entes queridos, e esse talvez seja um dos grandes problemas da humanidade. Mas a morte não é nossa inimiga, pelo contrário, como dizia São Francisco de Assis: a morte é nossa irmã. Então o luto é isso, é viver essa morte, é viver essa perda mais consciente da ressurreição e que nós não perdemos, pelo contrário, devolvemos para Deus aquilo que é dele’’, disse.

Em relação a melhor forma de sepultar os queridos, o padre destaca que talvez a cremação não seja a opção mais ideal, pois na idade antiga era comum que apenas as pessoas que faleceram de morte violenta fossem cremadas.

‘’Eu vejo que o processo de sepultamento vai mais de encontro com a nossa realidade, porque a cremação é um processo muito atual e a raiz vem dos primórdios, quando as pessoas que morriam assassinadas ou por motivos violentos, eram cremadas. A igreja não proíbe, mas também não há uma motivação para que os corpos sejam cremados. Inclusive existe em alguns estados brasileiros uma parceria com algumas instituições junto às paróquias, de ter um trabalho de orientação e motivação para a cremação, porque se torna também mais higiênico do que a estrutura na terra’’, disse.

O padre reforça ainda a ideia de que a morte não é o esquecimento, e que ainda que haja a ausência daquele familiar, nem mesmo essa distância é capaz de fazê-lo esquecido.

‘’A distância nos permite apenas a saudade, mas nunca o esquecimento. Então nessa distância entre o céu e a terra, vamos sentir apenas a saudade, mas nunca vamos esquecer daquele daquela pessoa que passou pelas nossas vidas’’, finalizou.

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