Dia do Voluntariado: conheça ações e pessoas que fazem a diferença em Salvador
Voluntários trabalham em prol de pessoas em situação de vulnerabilidade e animais abandonados; saiba como ajudar
Foto: Divulgação/Osid (entrega de cestas básicas durante a pandemia para pessoas em vulnerabilidade)
Um ditado antigo diz que em coração de mãe sempre cabe mais um. O mesmo funciona para entidades que prestam ajuda a pessoas em situação de vulnerabilidade social ou animais abandonados: sempre dá para acolher mais um. Para que isso aconteça, no entanto, é preciso muito empenho e trabalho voluntário.
Nesta segunda-feira (28), é comemorado o Dia Nacional do Voluntariado. A criação da data tem o objetivo de espalhar a solidariedade e reconhecer quem já desenvolve trabalhos voltados aos que mais precisam.
No Brasil, existem cerca de 57 milhões de voluntários ativos, de acordo com a Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021. O levantamento aponta que, desse total, 47% passaram a fazer mais atividades durante a pandemia da Covid-19, mesmo com o isolamento social. Em todo o mundo, as pessoas e ONGs que realizam trabalho voluntário garantem direitos básicos para pessoas em situação de vulnerabilidade. Em Salvador, diversas ações levam cultura, alimentos, serviços de saúde e muitos outros para quem mais precisa.
Para pessoas
As Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) é uma das organizações que fazem trabalho voluntário na capital baiana e em cidades do interior da Bahia. A entidade filantrópica, sem fins lucrativos, fundada em 26 de maio de 1959 pela santa brasileira irmã Dulce, abriga um dos maiores complexos de saúde 100% gratuito do país, com cerca de 5,6 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano, em todo o estado, a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Chamados de Anjos de Irmã Dulce, os voluntários regulares da instituição são identificados com avental e crachá, atuam em diversas atividades, e dão apoio aos usuários e visitantes da Osid. A coordenadora do setor de voluntariado, Fabiana Torres, contou que, atualmente, a instituição possui três grupos distintos de voluntários, somando ao todo cerca de 220 pessoas.
“O setor de voluntariado da Osid se cruza a partir da própria história da Santa Dulce dos Pobres, já que ela foi e continua sendo para nós a maior referência de doação para o próximo. O trabalho voluntário aqui foi um dos alicerces para a construção e sustentação das Obras Sociais Irmã Dulce, e ainda hoje é uma prática de fundamental importância para sua manutenção e crescimento”, destacou a coordenadora.
O grupo Anjos de Dulce é composto por voluntários recorrentes, que atuam em três pilares: acolhimento, com atividades voltadas para o atendimento ao público; diversão, com ações lúdicas de humanização para crianças, adultos e idosos, como teatro, música, dança e contação de histórias; e, por fim, no pilar de sustentabilidade, com captação de recursos, dentre elas, a busca por novos doadores, e as oficinas de artesanato, com a confecção e venda de itens em que toda a renda é revertida para a instituição.
Segundo Fabiana Torres, a entidade ainda conta com as voluntárias da Rede Amigas de Dulce, um grupo formado por mulheres empreendedoras de diferentes áreas de atuação, que trabalham de forma voluntária na articulação de parcerias e organização de iniciativas, também com foco na captação de recursos.
Por fim, ainda tem o grupo de voluntários mirins, chamados de Anjinhos de Dulce. “São crianças e adolescentes, com idade entre 4 e 17 anos, que, inspirados pela missão de amar e servir, atuam como voluntários em ações pontuais nas Obras Sociais Irmã Dulce, interagindo com os pacientes e promovendo campanhas diversas para contribuir com a manutenção da Instituição”, detalhou Torres.
A aposentada Altanira Reis, de 83 anos, é voluntária na Osid há mais de 20 anos. Atualmente, ela faz artesanato, como tricô e bordado, para serem vendidos e convertidos em renda para a instituição. “Eu me criei quase que dentro da Osid, minha vida foi a irmã Dulce, comecei a ir quando tinha 8 anos, estudava lá, passava o dia e voltava pra casa só para dormir. Quando surgiu a oportunidade de ser voluntária, eu fui. Eu amo esse trabalho, amo ser voluntária. Eu nunca pensei que fosse conviver com uma santa, mas eu convivi, então só retribuo um pouco do que recebi”, contou.
Oficina de artesanato da Osid (Foto: Divulgação/Osid)
Quem também abriu um espaço para ajudar o próximo foi a pedagoga aposentada Tânia Santos Cunha, 60. Ela é dirigente do Núcleo Assistencial do Grupo de Estudos da Doutrina Espírita Eurípedes Barsanulfo (GEDEEB), na capital baiana. Na instituição, são desenvolvidas atividades como atendimento às pessoas em situação de rua, com café da manhã, roupas e agasalhos, em Itapuã, além da entrega de cestas básicas às famílias cadastradas na instituição, no bairro de São Cristóvão.
“A necessidade e sofrimento do meu próximo, sempre me impulsionou a buscar soluções de ajuda, dentro das minhas possibilidades. E hoje, apesar de muitos projetos sociais, a demanda por solidariedade nos diversos segmentos sociais, ainda é muito grande. São famintos de toda espécie. Do corpo e da alma. Onde houver ser humano carente e em sofrimento, ali haverá lugar para o voluntariado”, destacou Tânia Cunha.
Cestas básicas para doação (Foto: Arquivo Pessoal/GEDEEB)
Na rua, a iniciativa atende cerca de 90 pessoas e são entregues, em média, 20 cestas básicas por mês.
Quando se fala em voluntariado, não dá para deixar de lado a Teto. A organização, presente na América Latina e Caribe, busca superar a situação de pobreza em que vivem milhões de pessoas nas comunidades precárias. A ONG mobiliza a sociedade para atuar lado a lado dos moradores, construindo soluções concretas e emergenciais que proporcionem melhorias nas condições de moradia e habitat destes territórios.
De acordo com o responsável pela operação da Teto no Nordeste, Danilo Santos, a entidade está presente em sete estados do Brasil e no Distrito Federal. Somente na Bahia e Pernambuco, a instituição soma 150 voluntários fixos e 400 pontuais. "Nós desenvolvemos projetos de infraestrutura comunitária e moradias emergenciais. Um modelo de casa de madeira é um dos nossos projetos principais, mas temos outros projetos para abastecimento de água, saneamento básico e muitos outros", contou.
O trabalho em conjunto entre os moradores das comunidades e jovens voluntários é a base da atuação da Teto. Até 2022, a entidade já tinha fornecido moradia digna para mais de 4 mil famílias, com 268 projetos comunitários e mais de 82 mil voluntários.
Na cultura
No bairro de Pau da Lima, em Salvador, o professor Rafael Morais de Souza, 45, leva arte para crianças e adolescentes na região. Ele e a esposa dão aulas de teatro no Centro de Artes da Mansão do Caminho. Durante o ano letivo dos alunos, no turno oposto ao da escola, são promovidas aulas de iniciação e formação teatral, com criação e ensaio de uma peça. Ao final do ano, a turma formada por meio de trabalho voluntário apresenta um espetáculo no Teatro SESI Rio Vermelho.
Além da ação em Pau da Lima, Rafael Souza e a esposa também realizam, por meio da Companhia Teatro Griô, fundada pelos dois em 1998, apresentações artísticas em diversos locais da capital baiana, como escolas, praças, quilombos, terreiros de candomblé, igrejas, centros espíritas, associações comunitárias, espaços culturais e bibliotecas comunitárias, tanto nos grandes centros como em periferias e zonas rurais.
O professor detalha que cresceu estimulado pelos pais a realizar ações humanitárias, sabendo da importância do voluntariado: “Tenho convicção de que quem realiza um trabalho voluntário acaba recebendo em muitos valores imensuráveis, como uma sensação de satisfação íntima indescritível e um bem estar psíquico e espiritual sem igual”.
Para animais
Em Salvador, existe uma colônia de gatos em Piatã, um local onde esses pets são abandonados e atualmente encontra-se com mais de 300 animais. Muitos acabam doentes e morrem sem ter a oportunidade de conseguir encontrar uma família. A voluntária Sônia Barros, 66, é uma das atuantes no local. Ela não é vinculada a uma ONG, mas atua todos os dias no espaço, pedindo ajuda nas redes sociais, para conseguir alimentar e tratar os gatinhos que precisam.
Sônia relata que os abandonos aumentam a cada dia. "A dor maior é o abandono de filhotes, porque as pessoas não castram as gatinhas deles e aí abandonam os bebês. A gente precisa revezar para conseguir cuidar deles, porque sozinhos eles não sobrevivem. A prefeitura não ajuda e cada dia que passa está pior", desabafou a protetora.
Sônia gasta todos os dias com transporte para ir até a colônia, além de alimentos, remédios e consultas médicas para os animais. Além dela, outras ONGs, como a Upas, que presta assistência aos gatinhos abandonados em Piatã.
Sobre as ações na Colônia de Gatos, o Farol da Bahia entrou em contato com a Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resilência (SECIS), mas não teve retorno sobre o assunto.
Como ajudar?
Osid
Para ser voluntário na Osid, a pessoa pode se inscrever através do site, ou entrar em contato por meio do telefone 3310-1302 e do e-mail voluntariado@irmadulce.org.br
Núcleo Assistencial do Grupo de Estudos da Doutrina Espírita Eurípedes Barsanulfo
A entidade procura por mais doadores e parceiros para aumentar o atendimento. Dá para ajudar doando alimentos não perecíveis e roupas usadas em boa condição. Também é possível contribuir via PIX, entrando em contato com os números 71 988773929 ou no 992553048. O GEDEEB fica localizado na rua Arquiteto Marcos Moreira Solter, quadra 5, número 7, em São Cristóvão.
Teto
A Teto é uma organização independente e apartidária, cujos recursos vêm majoritariamente de doações de pessoas que acreditam no trabalho da instituição e empresas que decidem somar esforços. Para doar ou ser voluntário, o interessado deve acessar o site da Teto Brasil.
Gatinhos de Piatã
Para ajudar com doações em dinheiro, ração, remédios ou até para adotar ou apadrinhar um gatinho, o interessado pode entrar em contato com Sônia Barros pelo Instagram (@coloniadegatospiata71992347625). Também é possível entrar em contato com a Upas, ONG de proteção animal (@uniaodeprotecaoanimalsalvador).