Dia Mundial de Combate ao AVC: doença é a que mais mata no Brasil
Em entrevista, especialista afirmou que mulheres estão mais propensas a sofrer um derrame

Foto: Reprodução/Pixabay
O acidente vascular cerebral (AVC), popularmente chamado de derrame, é a doença que mais mata, incapacita e causa internações no Brasil. Dados do Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil indicam que, somente no mês de julho, 8.758 pessoas morreram de AVC no país. O número corresponde a 11 mortes por hora. No primeiro semestre deste ano, foram cerca de 56.320 vítimas.
Apesar da gravidade da doença, a neurocirurgiã Luana Gatto explicou ao Farol da Bahia que muitas pessoas não sabem identificar um AVC. Segundo ela, o derrame ocorre quando os vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea e, consequentemente, sem oxigênio.
“O AVC nada mais é do que uma lesão cerebral aguda que acontece subitamente por conta do rompimento de algum vaso do cérebro, quando se trata de um AVC hemorrágico, ou do entupimento de um vaso. Neste último caso, trata-se de um AVC isquêmico. Tanto no AVC hemorrágico quanto no isquêmico o que acontece é que uma determinada região do cérebro acaba sofrendo pela falta de oxigênio”, explicou a especialista.
É importante, portanto, se atentar a alguns sinais que o corpo dá quando isso ocorre. No momento em que a pessoa está sofrendo um AVC é comum que os sintomas apareçam de maneira repentina, segundo a neurocirurgiã. “Devido à falta de oxigênio, a região do cérebro que foi afetada sofre algumas consequências e apresenta alguns sintomas. É importante salientar que esses sintomas vão variar a depender de qual função foi afetada. Esses sintomas são súbitos e repentinos como, por exemplo, paralisia de um lado do braço, perna ou rosto”, reforçou Gatto.
“A pessoa não precisa estar em um momento de estresse ou sobrecarregada para ter esses sintomas. E qualquer suspeita de AVC é essencial procurar ajuda médica o mais rápido possível. Nesses casos, cada minuto conta”, completou.
Mulheres são mais afetadas?
Embora apresentem os mesmos fatores de risco, a neurocirurgiã afirmou que as mulheres são mais propensas que os homens a sofrerem um AVC. Isso porque, além do fator longevidade, variações hormonais sofridas ao longo da vida deixam as mulheres mais vulneráveis à doença.
Uma pesquisa americana publicada no American Heart Association indica que todos os anos são registrados 55 mil casos de AVC a mais em mulheres se comparado aos homens nos Estados Unidos. Com isso, pode-se dizer que uma em cada cinco mulheres sofrerá um acidente cerebral vascular em algum momento da vida.
“Homens e mulheres têm os mesmos fatores de risco, mas a exposição a eles é mais nociva para nós. Como a mulher vive mais, o tempo de exposição a esses fatores é maior. Além disso, as questões ligadas aos hormônios são específicas para elas: o período que envolve a gestação e o pós-parto, o uso de anticoncepcionais e também a terapia de reposição hormonal na menopausa aumentam os riscos de ter AVC”, explicou Gatto.
Ainda de acordo com a especialista, os fatores de risco tradicionais para o AVC são a hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, doenças cardíacas, colesterol alto, etilismo, obesidade, dieta não saudável, sedentarismo e doença renal crônica. “Nas mulheres, além dessas doenças, destacamos como fator de risco importante a gravidez. As gestantes possuem três vezes mais chances de ter um derrame do que as mulheres não grávidas da mesma idade”, reforçou.
Prevenção e conscientização
Desde 2006, o Dia Mundial do AVC é lembrado no dia 29 de outubro. Ainda em entrevista, a neurocirurgiã Luana Gatto reforçou a necessidade de conscientizar a população sobre essa doença. Segundo ela, a prevenção e os cuidados para diminuir os riscos de derrame são os mesmos para homens e mulheres.
É necessário, portanto, incluir na rotina hábitos saudáveis, como não fumar, não consumir álcool em excesso ou drogas ilícitas, manter o peso ideal, tomar bastante água, realizar atividade física e visitar seu médico regularmente. “A gente lembra que 90% dos AVCs poderiam ser evitados se as pessoas cuidassem bem da sua saúde. Essa campanha é extremamente importante no sentido da prevenção e do alerta. Antes, nós não tínhamos tratamentos. Agora conseguimos reverter um AVC se o paciente chegar nas primeiras horas ao hospital”, concluiu.