Diálogo com o agro será necessário para avançar em pautas ambientais, diz Marina Silva
Segundo a ambientalista, o setor não pode “sequestrar” interesses econômicos, ambientais e sociais do país
Foto: Reprodução/Agência Brasil
A deputada eleita por São Paulo Marina Silva (Rede) afirmou, em entrevista divulgada nesta terça-feira (8), que será necessário dialogar com o setor do agronegócio para avançar com as pautas ambientais no próximo governo. A declaração foi feita em entrevista ao portal Uol.
Segundo a ambientalista, o setor não pode “sequestrar” interesses econômicos, ambientais e sociais do país. “Alguns dos setores do agronegócio não podem prevalecer em prejuízo dos interesses estratégicos do próprio setor e do país. Nós não finalizamos o acordo com o Mercosul até agora, que é importante para o Brasil e para a União Europeia, em função desses setores", declarou. “Por isso o diálogo e a mediação serão necessários. Se trata de uma transição”.
Como destacou a ex-ministra, o Congresso Nacional não deve avançar nos próximos meses com pautas anti-ambientalistas, já que são “incompatíveis” com os interesses do governo eleito. “Se numa situação de presença do governo Bolsonaro esses projetos não conseguiram andar, isso será ainda mais difícil agora que o atual governo está com o prazo de validade já estabelecido”, disse.
Para Marina, durante a transição de governos, os presidentes da Câmara e Senado, Arthur Lira (PP) e Rodrigo Pacheco (PSD), não devem permitir “qualquer tipo de aventureirismo”.
“O bom senso indica que não se deve fazer isso a toque de caixa. A atitude do deputado federal Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, de já reconhecer a vitória do presidente Lula, dá uma sinalização de que talvez ele não vá atropelar nenhum processo que não deva ser atropelado. Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, já vinha ajudando a não permitir, do jeito dele, que esses projetos andassem”, declarou a ambientalista.
Questionada sobre a possibilidade de assumir a pasta do meio ambiente outra vez, Marina disse que a escolha é do presidente eleito e não querer criar “constrangimento” sobre o assunto.
“A escolha do Ministério é um ato de escolha do presidente eleito. E acho que, nesse momento, tudo o que os aliados não devem fazer é criar qualquer tipo de constrangimento. Ele está com as políticas. Ele sabe o desafio, o tamanho do desafio e vai fazer as suas escolhas com base naquilo que ele acha que é o melhor para o governo”, completou.