Diretor da Anvisa afirma que o governo foi alertado sobre a escassez de funcionários
Presidente Lula criticou a demora na liberação de remédios
Foto: Pedro França/Agência Senado | Marcelo Camargo/Agência Brasil
O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, respondeu nesta sexta-feira (23) às críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula se queixou publicamente a respeito da suposta demora na liberação de remédios pela Anvisa durante a inauguração de uma fábrica da EMS em Hortolândia (SP).
"Quando algum companheiro da Anvisa perceber que algum parente dele morreu porque um remédio que poderia ser produzido aqui não foi porque eles não permitiram, aí a gente vai conseguir que ela seja mais rápida", afirmou Lula.
Em nota, Barra Torres ressaltou que a Anvisa opera com base nas leis que determinam os procedimentos para liberação de medicamentos e que o número insuficiente de servidores, já comunicado ao governo, afeta na agilidade dos processos.
"Com o número insuficiente de trabalhadores e com tarefas que só fazem crescer, o tempo para realização de tais tarefas só pode se tornar mais longo", afirmou.
Torres relembrou que, desde 2022, a agência enviou 26 ofícios ao governo federal anunciando a necessidade de mais trabalhadores e participou de reuniões com ministros. Desde então, a única medida foi a liberação de 50 vagas previstas para concurso público em 2023. As vagas solicitadas foram 120.
O diretor da Anvisa também lamentou que 35 servidores foram solicitados para trabalhar fora da agência durante o atual governo. Mais que o dobro do que o governo anterior, o que agravou a escassez de funcionários.
Torres criticou a fala do presidente, declarando como "entristecedora, agressiva e aviltante" e afirma que esse discurso enfraquece a Avisa internamente e no cenário internacional. Ele enfatizou que "nenhuma morte de familiar é necessária", mas sim um aumento de funcionários e condições adequadas para trabalhar.
O diretor defendeu o compromisso dos servidores com a população e relembrou o desempenho do órgão durante a pandemia de Covid-19.
"Ao nos qualificar de pessoas que precisam da dor da morte de entes queridos para fazer o próprio trabalho, equivoca-se o orador e coloca a população contra a Anvisa, que sempre a defendeu", afirmou.