Diretor de escola na BA afastado por importunação sexual, assédio moral e racismo é alvo de mandado de busca
Caso aconteceu em complexo de Itabuna; notebook, celular e pendrive do investigado foram apreendidos

Foto: Reprodução/TV Santa Cruz
A Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa de Denelísio Nobre, ex-diretor do Complexo Integrado de Educação Básica, Profissional e Tecnológico (CIEBTEC) de Itabuna, no sul da Bahia. Ele é investigado por importunação sexual, assédio moral e racismo cometidos contra alunos da unidade.
Um notebook, um celular e um pendrive foram apreendidos e serão analisados no inquérito contra Denelísio. Segundo informações da Polícia Federal, a investigação está sob segredo de Justiça.
Denelísio foi exonerado em fevereiro, pela Secretaria de Educação da Bahia (SEC), após alunos procurarem uma advogada que ministrou palestras na unidade, para comentar sobre os comportamentos do diretor.
Úrsula Matos falou sobre violência doméstica e assédio sexual e moral na escola e no trabalho e ao final foi abordada por cerca de 20 jovens. “Meninas que me falaram sobre oferta de valores para fazer favores, como dar um beijo. Favores sexuais né. Teve uma delas que ele chegou a ofertar R$ 200 para que desse um beijo na boca dele”, contou a advogada.
Um dos estudantes contou à TV Santa Cruz que o diretor pediu para que os alunos não se assustassem, porque ele iria "falar na linguagem juvenil", que "quem quisesse pegar ele, tava de boa" e que "quem era gay, que podia dar mesmo, e que mulher podia dar também, só que tinha que ter cuidado para não engravidar e ficar com os peitos murchos, caídos".
“Eu já sofri racismo desse mesmo diretor em uma reunião, enquanto tentava solucionar problemas da instituição. Ele me comparou, de forma depreciativa, com negrinhos da África que passam fome. Ele quis dizer que, por eu e minha prima sermos negros, nós passamos fome", disse a vítima que escolheu não se identificar.
Uma outra jovem que estudou no complexo, e também preferiu não se identificar, disse que foi assediada pelo diretor durante uma viagem da escola.
"A banda que eu participo foi para uma viagem em Ilhéus, aí quando chegou lá, entrei no carro dele, com mais duas pessoas. Ele me perguntou qual era a faixa etária de pessoas que eu ficava, e se eu tinha algum interesse em alguém mais velho, com mais de 50 anos. Falei que não tinha interesse (...) Quando chegou na escola, ele me perguntou novamente qual era a minha resposta, se eu ia querer. Não ficou só naquele dia, ele me perguntou em vários outros dias se eu tinha interesse ".
Os alunos acusam ainda dirigentes do Núcleo Territorial de Educação de prevaricação, pois chegaram a realizar denúncias nos órgãos, mas nenhum posicionamento foi tomado.
O Farol da Bahia não localizou a defesa de Denelísio. O caso é investigado pela Delegacia Territorial de Itabuna.
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