Diretora da Eletrobras pede para o governo explicar fala de Bolsonaro sobre interferir no setor

A diretora da área financeira e de relação com investidores da Eletrobras, Elvira Cavalcanti, enviou nesta terça-feira (23), uma carta ao Ministério de Minas e Energia em que pede explicações sobre a declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de interferir no setor. A declaração foi dada pelo presidente no último sábado (20), quando ele anunciou  a troca no comando da Petrobras.

No documento, a diretora cita a fala de Bolsonaro: “Vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também”. Além disso, ela também lembrou na carta que a Eletrobras tem ações nas bolsas de valores de São Paulo, Nova York e Madri, e que a divulgação de informações que possam ser consideradas relevantes sobre a companhia devem obedecer critérios de mercado. 

"Solicitar que seja comunicado formalmente a esta companhia se as notícias em referência são verdadeiras e/ou se existem estudos ou informações ou aprovações internas e externas a respeito do processo que devem ser divulgadas ao mercado, por meio de Fato Relevante", escreveu a diretora.

Ainda na carta, Elvira lembra que a política de divulgação e uso de informações relevantes da empresa prevê que pessoas com acesso a dados privilegiados em razão do cargo mantenham sigilo, até que o mercado seja informado.

"Esclarecemos que a Instrução 358/2002 da Comissão de Valores Mobiliários — CVM, e suas alterações, bem como a Política de Divulgação e Uso de Informações Relevantes das Empresas Eletrobras, estabelecem o dever de sigilo relativo a ato ou fato relevante aos quais determinadas pessoas tenham acesso privilegiado em razão do cargo ou posição que ocupam, até sua divulgação ao mercado", diz outro trecho da carta.

O governo federal é o principal acionista da Eletrobras. Depois das falas de Bolsonaro, o valor das ações da Petrobras despencou no Brasil e nos Estados Unidos. Ações da Eletrobras também registraram queda.