Diretora do Couto Maia afirma que ocupação na unidade é a mesma do pico da pandemia
Atualmente, unidade tem 88 leitos de UTI ocupados e apenas 12 leitos vagos
Foto: Reprodução / TV Bahia
A diretora geral do Instituto Couto Maia, unidade de saúde de referência para tratamento de doenças infectocontagiosas no Brasil, e que fica em Salvador, falou nesta quarta-feira (17), sobre a ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para Covid-19.
Segundo Ceuci Nunes, que é médica infectologista, o Couto Maia atualmente está com a mesma ocupação que registrada no pico da pandemia, entre maio e julho de 2020.
"Nós estamos com a mesma ocupação dos meses que a gente teve o pico, que foram final de maio, junho e julho. Nós chegamos a reduzir bastante a ocupação no mês de setembro, tanto que nós chegamos a reabrir alguns leitos para outras doenças. Mas agora, de dezembro para cá, nós estamos no pico novamente de ocupação do hospital. É uma situação muito triste", disse.
O Instituto Couto Maia tem 88 leitos de UTI e apenas 12 estão vagos. Na segunda-feira (15), a unidade médica tinha apenas seis vagas disponíveis.
"Nós amanhecemos com 12 vagas. De ontem [terça, 16] para hoje [quarta, 17] a gente já teve alta, com certeza, e provavelmente também óbito. É muito complicada a situação e é muito difícil a gente sair daquele hospital, com tanto sofrimento, de ver mortes e famílias sofrendo e, na rua, as pessoas parecem que não está acontecendo nada. Sem usar máscara, sem distanciamento social. É uma situação muito complexa", avaliou.
A diretora da unidade chamou a atenção para que não há mais espaço físico no Couto Maia para abrir novos leitos.
"Nós já estamos na nossa ocupação física completa, a gente não tem condição, infelizmente, de abrir mais nenhum leito. Nós já ocupamos o hospital inteiro. Nós tínhamos 20 leitos de UTI, hoje nós temos 88. Esses dois [leitos] que faltam para 90, é justamente porque a gente precisa de locais para a equipe descansar, para ter um sanitário. Então a gente transforma enfermaria em um conforto, por exemplo. Não tem mais para onde a gente ir", detalhou Ceuci.
A infectologista chamou atenção também para o fato de que, a saúde do paciente com coronavírus, costuma demorar para ser restabelecida.
"O paciente de Covid, é um paciente que demora muito tempo internado. Nossa média está entre 12 e 13 dias, mas tem pacientes que ficam duas semanas, três, quatro semanas na Unidade de Terapia Intensiva. E uma outra coisa que eu queria chamar atenção, que as pessoas das Unidades de Terapia Intensiva falam, é que é muito diferente uma UTI Covid das outras UTIs. Na UTI Covid, a gente tem 70% dos doentes [em estados] gravíssimos. Na UTI normal, a gente tem 30% dos doentes gravíssimos. Isso é um acúmulo também de estresse para a equipe de saúde", explicou.
Os leitos clínicos do Instituto Couto Maia também estão reservados para o momento de alta dos pacientes de UTI. Ceuci explica que é preciso assegurar essas unidades para que haja rotação dos leitos.
"Os leitos clínicos estão na mesma coisa. Os nossos leitos clínicos, nós temos deixado internamente. Porque, como nós temos 88 leitos de UTI, esses leitos precisam rodar. Então, se não tiver leitos clínicos para as pessoas saírem da UTI, a gente não abre novas vagas de UTI. Então esses leitos clínicos nossos são somente internos".
A unidade, que se tornou referência em tratamento de doenças infectocontagiosas, está recebendo pacientes com outras doenças em outra unidade médica.
"Nossa equipe de residência médica foi deslocada para o Hospital Octávio Mangabeira, que é um hospital de doenças pulmonares, de tuberculose, e que tem uma enfermaria lá nossa, que nossa equipe está atendendo as outras doenças. É claro que é uma situação que deixa muito a desejar. Reduziu muito o número de leitos para esses pacientes, que eram tradicionalmente nossos".