Disparidades no Norte e Nordeste agravam mortalidade por Covid-19 no Brasil, aponta estudo

Um estudo recém publicado na revista científica The Lancet Respiratory Medicine apontou que a mortalidade de pacientes brasileiros internados em decorrência da Covid-19 é mais alta em comparação a outros países. A pesquisa ainda pontua que a situação tem sido agravada pelas disparidades regionais de leitos e recursos existentes no sistema de saúde. 

Foram analisados 254.288 mil pacientes, com idade média de 60 anos, internados em hospitais públicos e privados nos seis primeiros meses da pandemia (fevereiro e agosto). Com isso, no Norte e Centro-Oeste, por exemplo, 17% dos pacientes foram intubados fora da UTI [Unidade de Terapia Intensiva] em comparação aos 8% no Sul e 13% no Sudeste. 

Do total de internações analisadas, 47% dos pacientes tinham idade inferior a 60 anos, 16% não apresentavam comorbidades e 72% receberam algum tipo de suporte respiratório durante esse período. A pesquisa, no entanto, não diferenciou pacientes da rede pública e privada de saúde. 

No geral, a mortalidade foi de 38% e aumentou conforme o avanço da idade (de 12% , entre 20 e 30 anos, para 66% para os acima de 80 anos) e das complicações. Nos pacientes com menos de 60 anos, a taxa média de mortalidade ficou em 20%.

A proporção geral de mortes foi maior entre pacientes analfabetos (63%), negros (43%) e indígenas (42%). A mortalidade também foi mais frequente em pacientes internados na UTI (59%) do que naqueles assistidos na enfermaria (29%). Entre os intubados, a mortalidade foi de 80% contra 24% entre os que receberam ventilação não invasiva.

As disparidades regionais também foram registradas no Norte e no Nordeste, onde os índices de mortes hospitalares foram de 50% e 48%, enquanto no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul, de 35%, 34% e 31%, respectivamente. Sobre as mortes, Norte e Nordeste registraram 79% e 66%, respectivamente, enquanto Centro-Oeste, Sudeste e Sul, 51%, 49% e 53%.