Disputa entre Neto e Jerônimo pode ir a segundo turno, avalia cientista político
Para Alex Agra, João Roma deve ficar de fora da briga ao Palácio de Ondina
Foto: Divulgação/Assessoria de Comunicação
O primeiro turno das eleições será em menos de 2 meses, no dia 2 de outubro. Nas pesquisas de intenções de voto ao Governo da Bahia, o candidato ACM Neto (UB) lidera, seguido de Jerônimo Rodrigues (PT) e, em sequência, João Roma (PL).
O Farol da Bahia conversou com o cientista político Alex Agra, para entender o cenário baiano e as possibilidades nestas eleições. Para o especialista, Jerônimo pode surpreender e levar a disputa para o segundo turno.
“Desde 1990 as eleições são nacionalizadas aqui na Bahia. Ou seja, as chapas nacionais têm um peso muito grande. A estratégia de Neto de não apoiar nenhum candidato à Presidência beneficia ele, já que ele não vai aglutinar a rejeição de nenhum postulante, mas também pode enfraquecê-lo. Quando você tem um cenário, como apontou a pesquisa da Genial/Quaest, em que Jerônimo, com o nome de Lula ao lado, quase dobra o desempenho das intenções de voto, esse apoio é crucial e pode fortalecer um candidato de maneira decisiva”, avaliou ele.
Agra defende que outro fator que pode ajudar Jerônimo a crescer nas pesquisas e possibilitar uma disputa mais acirrada com o ex-prefeito de Salvador é o apoio das prefeituras do interior baiano.
Um estudo desenvolvido na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), no campus de São Francisco do Conde, na Região Metropolitana de Salvador, aponta que 65% dos prefeitos estão com o candidato petista, 27% com Neto e 2% com João Roma. O levantamento foi comandado pelo cientista político Cláudio André.
“A capital é o principal colegiado, mas é apenas um. Não se ganha sem conquistar o interior. O próprio Neto já compreendeu isso desde que deixou a Prefeitura de Salvador e também tem buscado percorrer as regiões baianas”, opinou Agra.
Na avaliação do cientista, o candidato bolsonarista Roma não deve ascender nas pesquisas ao ponto de chegar a um segundo turno.
“No auge da popularidade de Jair Bolsonaro, em 2018, talvez a figura dele junto a Roma conseguisse impulsionar o candidato do PL, mas hoje, com a força limitada do bolsonarismo, especialmente na Bahia, o ex-ministro da Cidadania também deve ter desempenho limitado, sem conseguir ultrapassar Neto e Jerônimo”, avaliou ele.
Senado
Uma pesquisa da Genial/Quaest de julho mostra o senador Otto Alencar (PSD) com 32% das intenções de voto, contra 10% de Cacá Leão (PP), 6% de Raíssa Soares (PL) e 4% de Tâmara Azevedo (PSOL). Alex Agra acredita que o atual senador deve ser reconduzido ao posto.
“Além de já estar em destaque, por concorrer à reeleição, um ponto decisivo vai ser a força no interior do estado, que existe porque o PSD é o partido com mais prefeituras e também por causa da herança do carlismo, do qual Otto fazia parte”, disse.
Juventude
De acordo com o cientista, os jovens terão um peso muito grande nas eleições deste ano, principalmente pelas campanhas para que pessoas a partir de 16 anos tirassem os títulos, o que resultou em um aumento de cerca de 2,1 milhões de adolescentes de 16 e 17 anos cadastrados para votar no Brasil.
“Sobretudo pela inserção que essa faixa etária tem nas redes sociais, que hoje é um ambiente decisivo para as eleições e que, inclusive, teve um papel muito importante para Bolsonaro em 2018. Estes que começam a votar agora são a nova geração de eleitores e impulsionam uma mudança nas campanhas. A tendência para o futuro é que ganhe força cada vez mais o candidato que saiba usar a seu favor a internet e que saiba conversar com o público jovem”, comentou.