Disputa sobre juros é 'primeiro grande teste' da autonomia do Banco Central, diz Campos Neto
Declaração foi feita durante uma entrevista ao Poder360

Foto: Lula Marques/Agência Brasil
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expressou na quinta-feira (17), que a instituição está passando por um período crucial, representando o "primeiro grande teste" de sua autonomia.
Campos Neto afirmou: "Estamos enfrentando o primeiro grande teste da economia, em um cenário de polarização no país. Pode-se considerar isso como um marco no processo. Estamos gradualmente substituindo dois diretores a cada ano, incorporando novos diretores que muitas vezes trazem perspectivas e pensamentos inovadores, enriquecendo o debate." Essas declarações foram feitas durante uma entrevista ao Poder360.
O início de agosto testemunhou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reduzir a taxa Selic de 13,75% para 13,25% ao ano. A deliberação foi alcançada com uma maioria, em que Campos Neto exerceu o voto de desempate a favor de uma redução maior, que foi efetivada.
A participação dos novos diretores indicados por Lula, Gabriel Galípolo e Ailton Santos, na reunião do Copom marcou o primeiro corte na taxa básica de juros em três anos. Essa decisão reflete a melhora da inflação nos últimos meses e também levou em conta críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Enquanto o BC procura definir a taxa Selic a fim de conter a elevação dos preços, a instituição já está direcionando suas atenções para a meta do próximo ano e os objetivos a serem alcançados em 12 meses, no início de 2025. Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic geralmente levam de seis a 18 meses para impactar plenamente a economia.
Em suas observações, o Copom sugeriu que, nas próximas reuniões, poderá continuar a implementar cortes de "mesma magnitude" na taxa Selic, ou seja, reduções de 0,5 ponto percentual. "Considerando o cenário projetado [de desinflação e ancoragem das expectativas em relação à meta de inflação], os membros do Comitê, de maneira unânime, antecipam reduções de mesma amplitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo de desinflação", declarou o BC.