Documento alerta para impactos irreversíveis do aquecimento global nos próximos 30 anos
Na COP26, governos ainda não conseguiram fechar um acordo para reduzir impacto

Foto: Getty Images
No momento, cientistas preparam a publicação de mais um informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) com o objetivo de alertar para os impactos do ser humano no meio ambiente. No documento, que será publicado em fevereiro de 2022, o IPCC deixa claro que o mundo deve se preparar para mudanças profundas nos próximos 30 anos causadas pelo aquecimento global. Na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Glasgow, os governos ainda não conseguiram fechar um acordo para implementar medidas concretas e, dessa forma, as temperaturas continuarão a subir.
Com a conferência chegando ao final, a constatação de negociadores é que o otimismo inicial deu lugar a um temor real de um colapso das negociações. De acordo com o rascunho do IPCC, obtido pelo UOL, a incapacidade de governos de limitar o aquecimento para 1,5° C e a falta de um plano de adaptação terão consequências devastadoras.
O documento estima que, mesmo com o cenário de um aquecimento que não passe do patamar de 1,5° C, os bolsões de pobreza persistirão e, até 2030, o número de pessoas vivendo em extrema pobreza aumentará em mais de 132 milhões, além dos 700 milhões de habitantes no planeta que já sobrevivem nessa situação. Isso ainda geraria deslocamentos de populações e migrações de populações incapazes de se adaptar às mudanças climáticas.
Ainda de acordo com o documento, um dos principais impactos será na produção agrícola, um dos pilares da inserção do Brasil no mundo. De fato, em Glasgow, parte da participação oficial do governo brasileiro no debate ocorre em sintonia com o setor agrícola.
O IPCC revela que já houve uma queda de 4% a 10% na produtividade no campo no mundo nos últimos 30 anos, por conta das mudanças climáticas. Isso já teria afetado 166 milhões de pessoas, principalmente na África e na América Central, causando dependência da assistência humanitária devido a emergências alimentares relacionadas ao clima entre 2015-2019. Só na África Subsaariana, as produções de milho e trigo diminuíram 5,8% e 2,3%, respectivamente.
Mas isso deve se aprofundar, aumentando a fome em até 80 milhões de pessoas até 2050. "As mudanças climáticas estão mudando as regiões agrícolas, contraindo seus limites e contribuindo para perdas de culturas e gado em larga escala e qualidade reduzida", alerta. Para o IPCC, apenas mudanças no padrão econômico não serão suficientes para lidar com essa realidade. A entidade defende amplos planos de adaptação, inclusive para transformar a agricultura da América do Sul e de outras regiões do mundo.


