Documentos secretos sobre o assassinato de Kennedy divulgados pelos EUA citam Brasil
Brasil é mencionado em arquivos sobre a influência de Cuba e China na América Latina

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O governo dos Estados Unidos publicou nesta terça-feira (18) mais de 2 mil arquivos secretos sobre as investigações do assassinato do ex-presidente John F. Kennedy, em 1963. O Brasil é mencionado em alguns documentos.
O presidente dos EUA, Donald Trump, autorizou a liberação dos arquivos sobre os assassinatos de Kennedy e Martin Luther King em janeiro deste ano. Na ocasião, Trump declarou que "muitas pessoas esperavam isso por anos, por décadas" e que "tudo será revelado".
Os arquivos envolvem relatórios de órgãos americanos, como a Agência Central de Inteligência (CIA). O Brasil é citado em alguns documentos no contexto da Guerra Fria e da influência de China e Cuba na América Latina.
Brizola
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Um dos arquivos divulgados, um telegrama da CIA, revela que, em agosto de 1961, o então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, negou o apoio oferecido por Cuba e China.
O documento cita que Brizola liderava os esforços para assegurar que João Goulart assumisse a presidência após a renúncia de Jânio Quadros.
Segundo o arquivo, os líderes Fidel Castro e Mao Tse-Tung ofereceram apoio a Brizola, que negou o suporte, temendo uma crise nas relações internacionais do país, incluindo uma intervenção dos Estados Unidos.
"Projeto Cuba"
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Outro arquivo, um documento de janeiro de 1962, expõe detalhes das ações da CIA para sabotar o governo de Cuba. Conforme o arquivo, em fevereiro daquele ano, os EUA deram início a uma operação para iniciar um movimento de resistência organizado em Cuba.
A CIA também afirma que tinha “em mãos” propaganda e ações políticas realizadas em países do Caribe e da América Latina. Tais ações foram feitas para apoiar os esforços da CIA em conter a influência de Cuba em países americanos.
De acordo com o documento, "demonstrações em massa" foram realizadas no Brasil e em outros países americanos.
Cuba e Brasil
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Um relatório da CIA, datado de julho de 1964, após o golpe militar no Brasil, afirma que Cuba estava tentando influenciar outros países da América Latina. O arquivo cita um discurso feito por Fidel Castro em 1963, onde ele declara que Cuba era a maior fonte de inspiração para revoluções na América Latina.
Porém, a CIA afirmou que os esforços de Cuba falharam diversas vezes, além de denominar a derrubada do governo de João Goulart no Brasil como uma “dura derrota” para Havana.
Mesmo assim, a CIA cita que Cuba continuou financiando grupos dentro de países latino-americanos, incluindo Brasil, Argentina e Chile.
Diplomatas brasileiros
Um documento de 1962 sugere que a CIA utilizou dois diplomatas brasileiros para realizar a comunicação entre dois agentes por meio de cartas. As cartas eram enviadas de Miami para Havana e vice-versa, com informações de inteligência.
O documento diz que os brasileiros provavelmente não enviavam informações de espionagem, porém, eles podem ter transportado outros itens, como mapas e até dinheiro dentro de latas.
Operações de propaganda
Por último, um memorando, datado de dezembro de 1963, revela que os Estados Unidos planejavam atos de influência na América Latina para conter o avanço de grupos alinhados a Cuba.
No documento, é citada uma reunião de um subcomitê do governo americano, realizada no intuito de discutir medidas contra a presença comunista na região.
Entre as medidas, está o uso de campanhas para influenciar a opinião pública em países latinos, incluindo o Brasil.