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Economia

Dólar desce a R$ 6,01 após dados de inflação ao consumidor dos EUA acima do esperado; Bolsa dispara

Os preços ao consumidor dos Estados Unidos aumentaram 0,4% no mês passado

Por FolhaPress
Ás

Dólar desce a R$ 6,01 após dados de inflação ao consumidor dos EUA acima do esperado; Bolsa dispara

Foto: Pexels | Pixabay

O dólar operava em queda e a Bolsa disparava nas negociações desta quarta-feira (15), após a divulgação do índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês), que veio acima do esperado pelo mercado.

Às 11h58, a moeda norte-americana caía 0,25%, a R$ 6,030. Já a Bolsa subia 1,25%, aos 120.790 pontos, no mesmo horário.

No início da sessão, o dólar ficou rondando a estabilidade, com investidores à espera dos dados de inflação dos EUA. Logo após a divulgação, desceu a R$ 6,011.

O Departamento do Trabalho americano divulgou nesta quarta que os preços ao consumidor dos Estados Unidos aumentaram 0,4% no mês passado. Já no acumulado de 12 meses até dezembro, o índice avançou 2,9%. A alta teve uma leve aceleração na comparação com novembro, quando registrou avanço de 0,3% no mês e de 2,7% no acumulado de 12 meses.

Economistas consultados pela Reuters previram avanço de 0,3% na comparação mensal e de 2,9% na base anual de dezembro.

Com isso, operadores passaram a apostar em um afrouxamento monetário maior a ser realizado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) neste ano. Isso porque o índice ajuda investidores a preverem os rumos dos juros no Estados Unidos.

As apostas de reduções dos juros em 2025 saltaram para 37 pontos-base —antes da divulgação dos dados, era de 31 pontos-base. Ainda se espera que os juros fiquem inalterados na reunião de janeiro.

Juros mais baixos nos EUA tornam os treasuries, os títulos do tesouro americano —considerados os mais seguros do mundo— menos atrativos. Isso incentiva investidores a buscar mercados emergentes, como o Brasil, que oferecem maior rentabilidade, o que faz a Bolsa por aqui se valorizar.

Além disso, juros mais baixos por lá também tornam o dólar menos atrativo, levando à sua desvalorização frente ao real. Em outras palavras, fica mais barato comprar dólar no Brasil.

Para André Valério, economista sênior do Inter, haverá uma pausa nos cortes de juros na reunião de janeiro, em razão de um mercado de trabalho "ainda robusto".

"Não há urgência para o Fed cortar a taxa de juros em ritmo intenso e devemos observar uma pausa no ciclo de cortes na reunião de janeiro", afirma Valério. "Acreditamos que o cenário ainda é propício para mais dois cortes, que devem ocorrer nas reuniões de março e junho, condicionado a uma política tarifária mais gradual do governo Trump."

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, afirma que o resultado do CPI (índice de preços ao consumidor) sugere uma melhora de curto prazo na inflação, especialmente quando combinado com o PPI (índice de preços ao produtor).

"Será sustentável? Dependerá das políticas que Trump adotar e de seus efeitos ao longo do tempo. Mas, por ora, alivia a pressão em cima do Fed", afirma.

Nesta terça-feira (14), o Departamento do Trabalho americano divulgou dados sobre o PPI, o índice de preços ao produtor dos EUA, que vieram abaixo do esperado. O PPI foi de 0,4% no mês de novembro para 0,2% em dezembro.

No período de 12 meses até dezembro, o índice PPI acelerou para 3,3%, após um aumento de 3,0% em novembro. A aceleração na taxa anual refletiu os preços mais baixos do ano passado, especialmente dos produtos de energia, que saíram do cálculo.

"Os dados de inflação abaixo do esperado mostram que o Fed pode diminuir os juros, fazendo com que o dólar não se valorize tanto. Esse cenário também contribui para a queda dos juros futuros hoje", afirma Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e sócio da Eu me banco.

Os números ficaram abaixo do esperado por economistas, o que levou o dólar a cair 0,85%, a R$ 6,045. Já a Bolsa fechou com alta de 0,24%, aos 119.298 pontos, com o apoio das ações da Vale e do banco Bradesco.

Após registrar a máxima de R$ 6,098, às 9h, na abertura do mercado, o dólar à vista atingiu R$ 6,042, uma queda de 0,91%, às 10h50, logo após a divulgação dos dados de inflação ao produtor americano. Às 16h39, já na reta final, a moeda norte-americana à vista atingiu a mínima do dia, R$ 6,041.

Nesta terça, os agentes financeiros também reagiram positivamente a uma reportagem da Bloomberg que sugeriu que membros da equipe econômica de Trump estão considerando movimentos graduais na implementação de tarifas de importação, reduzindo o pessimismo em relação à medida.

Neste cenário, a moeda norte-americana passou a ceder ante quase todas as divisas de países emergentes, incluindo o real.

Os investidores continuam se ajustando à perspectiva de uma abordagem mais cautelosa do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) em seu ciclo de afrouxamento monetário, depois de dados fortes de emprego divulgados na semana passada.

Atualmente, operadores esperam que o Fed mantenha os juros inalterados na reunião deste mês e realize somente um corte de 25 pontos-base até o fim do ano.

Na cena doméstica, o início do ano tem fornecido poucos impulsos para as negociações, diante da relativa escassez de novos dados econômicos e com a agenda política em Brasília ainda fraca em meio ao recesso do Congresso.

O principal receio do mercado segue sendo o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas, com entrevistas recentes de membros do governo fornecendo algum alívio com a promessa de mais medidas fiscais para este ano.

Na última sexta-feira, Haddad disse em entrevista à GloboNews que o governo segue estudando novas iniciativas para sanear as contas públicas, acrescentando que "só o que se faz" na Fazenda é estudar novas iniciativas.

Já o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que o governo deve adotar novas medidas fiscais neste ano.

De acordo com Durigan, as novas propostas de corte de despesas e arrecadação devem começar a ser debatidas após a aprovação pelo Congresso do Orçamento de 2025, informou.
 

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