Durante CPI da Covid, senadoras reclamam de machismo nos depoimentos
A CPI tem 11 titulares e 7 suplentes, mas nenhuma mulher
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Durante alguns depoimentos na CPI da Covid-19, senadoras reclamaram que sofreram machismo. Em um momento na Comissão, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) questionou o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, na semana passada, e o presidente da comissão, Omar Aziz, pediu para que ela não fosse “agressiva” com o depoente. Em outro momento, ela pediu uma palavra para rebater uma citação ao seu nome, e não conseguiu. Dias antes, na mesma CPI, a senadora Leila Barros (PSB-DF) questionava o ex-chefe da Secretaria de Comunicação do Planalto, Fábio Wajngarten, quando o colega Marcos Rogério (DEM-RO) a interrompeu e disse: “calma senadora, não fique nervosa”. Após essa fala houve bate-boca, e o relator da CPI precisou intervir: “Tem uma senadora falando presidente, vamos lhe assegurar a palavra”.
Após o acontecido, Leila Barros publicou o vídeo da confusão nas redes sociais com a seguinte mensagem: “Apesar de cansativo, às vezes é bom ser desacreditada e acusada de 'estar nervosa' ao vivo para todo o país, pois dessa forma fica exposto ao machismo estrutural que existe no Brasil. No ambiente político não é diferente. Ele apenas reproduz o que muitas de nós vivemos diariamente ”.
A CPI tem 11 titulares e 7 suplentes, mas nenhuma mulher. Elas representam menos de 15% do Senado: são 12 parlamentares entre 81 senadores.
No início dos trabalhos da CPI, o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, (Republicanos-RJ) disse que as mulheres não queriam participar: “Acho que as mulheres já foram mais respeitadas e indignadas. Estão fora da CPI e não fazem nem questão de estar nela ”.
De acordo com as senadoras, elas foram deixadas de fora da comissão porque a CPI acabou sendo instalada a toque de caixa, após decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), em resposta a um mandado de segurança dos senadores Alessandro Vieira (Cidadania- SE) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO). A bancada feminina pediu para ter o direito de uma representante fazer perguntas após os titulares e os suplentes. O presidente Omar Aziz (PSD-AM) concordou.
A pequena participação feminina na política mostra a dificuldade e a ascensão das mulheres mesmo dentro dos partidos.
Como justificativa, os parlamentares disseram que devido à importância da CPI, é necessário que exista uma composição com políticos experientes, que soubessem lidar com pressão e com conhecimento profundo do regimento da Casa, como Renan Calheiros (MDB-AL) e Ciro Nogueira (PP-PI).