"É uma grande mentira dizer que só velhos ou pessoas com outras doenças morrem", afirma médico
Abatido, ele fala da mudança depois da pandemia
Foto: Arquivo pessoal
O médico Stenio Cevallos chefia UTI de hospital em Guayaquil, no Equador, que atendeu o primeiro caso do coronavírus relatou o pânico e aflição vivida durante a pandemia do Covid-19.
No hospital, ele disse que o funcionário de atendimento ao cliente e um garçom da cafeteria morreram. "Tinham 38 anos, eram saudáveis", esclarece. Além disso, ele descontruiu a ideia do grupo de risco. "É uma grande mentira dizer que só velhos ou pessoas com outras doenças morrem", ratificou.
Abatido, ele fala da mudança depois da pandemia. "Minha vida mudou, como profissional e como pessoa. Sou intensivista há 30 anos, já fui chefe de várias UTIs ao mesmo tempo, eu levava isso bem. Mas agora estou deprimido", completou.
Ele também relatou um drama pessoal em seu parentesco. "Minha sogra foi minha paciente. Minha segunda mãe. Ela faleceu. Saiu uma vez só, para ir ao supermercado. E nunca tossiu, tinha febre, mal-estar, achamos que fosse dengue. Ficou grave, foi intubada e em cinco dias morreu. Sou o chefe da UTI e não pude fazer nada. Isso foi muito forte para mim", afirmou.
A UTI da unidade onde trabalha está lotada, todos os 19 leitos ocupados por pacientes graves com Covid-19. A taxa de mortalidade do paciente intubado e com ventilação artificial é de mais de 80%.