Eduardo Bolsonaro diz que não pretende voltar ao Brasil e admite abrir mão do mandato na Câmara
Segundo ele, se retornasse agora ao país, o ministro Alexandre de Moraes mandaria prendê-lo

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) afirmou nesta segunda-feira (14) que não pretende retornar ao Brasil e que está disposto a abrir mão do mandato na Câmara dos Deputados. A declaração foi feita em entrevista à Coluna do Estadão.
Licenciado desde abril, o parlamentar está nos Estados Unidos e, segundo ele, não há previsão para retornar ao Brasil. O prazo da licença se encerra no próximo domingo (20), no entanto, até o momento não houve intenção de retomar o mandato.
Eduardo alega que, caso voltasse ao país, poderia ser preso por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator de ações que investigam a tentativa de golpe de Estado. “Por ora eu não volto. A minha data para voltar é quando Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender”, afirmou o deputado.
"Estou falando com alguns assessores. Se for o caso de perder o mandato, vou perder o mandato e continuar aqui. O trabalho que estou fazendo aqui é mais importante do que o trabalho que eu poderia fazer no Brasil. No Brasil, o STF, quer dizer, Alexandre de Moraes, ia tentar colocar uma coleira em mim, tirar meu passaporte, me fazer de refém, ficar ameaçando, como ele sempre faz - mandando a Polícia Federal na Casa, abrindo inquérito, inquirindo pessoas ao meu entorno. Então, eu não vou me sujeitar a fazer isso", disse à coluna.
"Eu tô me sacrificando, sacrificando o mantado, para levar adiante a esperança de liberdade", acrescentou.
O deputado também afirmou que há um movimento em curso para pedir sua prisão, semelhante ao que, segundo ele, foi feito anteriormente para solicitar a apreensão de seu passaporte. “Eu não vou, sem ter cometido crime nenhum, forçar a minha esposa e os meus familiares a me visitarem numa cadeia injusta”, declarou.
"Então eu não tenho segurança de retornar ao Brasil, porque agora está sendo feito o mesmíssimo movimento, mas para a minha prisão. Eu não vou, sem ter cometido crime nenhum, forçar a minha esposa e os meus familiares a me visitarem numa cadeia injusta. Eu não vou cometer o erro, por exemplo, que o Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) cometeu, de retornar ao Brasil achando que teria um julgamento decente e minimamente constitucional. Agora, se o Alexandre de Moraes quiser, eu desafio ele a me condenar à revelia e mandar o pedido de extradição para os Estados Unidos", disse.
Em maio, a Procuradoria Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para investigar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O pedido é para apurar suposta atuação de Eduardo nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras. A PGR cita postagens em redes sociais e entrevistas a veículos de imprensa dadas pelo deputado.
O órgão pediu ainda a tomada de depoimento de Jair Bolsonaro com o objetivo de que ele esclareça os fatos envolvendo o filho, já que ele seria supostamente beneficiado diretamente pelas ações de Eduardo. Bolsonaro se tornou réu por tentativa de golpe de Estado, após o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar denúncia da PGR.
“As evidências conduzem à ilação de que a busca por sanções internacionais a membros do Poder Judiciário visa a interferir sobre o andamento regular dos procedimentos de ordem criminal, inclusive ação penal, em curso contra o sr. Jair Bolsonaro e aliados”, diz o documento.
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