'Ela é negra e lésbica', diz cliente ao recusar atendimento de funcionária no Piauí
Vítima de racismo e homofobia formalizou denúncia à polícia e compartilhou prints nas redes sociais
Foto: Arquivo Pessoal
Uma jovem de 23 anos denunciou à polícia agressões racistas e homofóbicas que recebem enquanto trabalhava em uma hamburgueria de Parnaíba, no litoral de Piauí.
De acordo com informações do O Globo, a jovem realizou boletim de ocorrência na quinta-feira (17), momentos após um cliente falar por mensagem que não queria que ela preparasse seu o lanche por ser negra e lésbica.
A vítima, Joelma Figueiredo, divulgou prints das conversas nas redes sociais. O autor das ofensas assumiu ser “preconceituoso e racista”, e disse que a empresa não deveria contratar “esse tipo de gente para trabalhar”.
Ao O Globo, Joelma disse que esta sexta-feira (18) era o prazo limite para formalizar a denúncia. A ida antes à delegacia não foi possível por medo da impunidade e também dos ataques que ela vem recebendo nas redes sociais.
Quem a incentivou a oficializar o boletim de ocorrência foi a advogada Mayara Portela, presidente da Subcomissão da Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Piauí (OAB-PI), que presta acompanhamento jurídico e ajuda psicológica à jovem.
"Fomos registrar o boletim de ocorrência, mas ainda não foi localizado o cliente. A advogada Mayara Portela está me orientando, mas estou com medo de perder meu emprego. Estamos recebendo mensagens falando que a empresa quer fazer marketing e lucrar com a repercussão do caso. E eu também penso: e se esse cliente for importante na sociedade, será que vão acobertar o que ele fez?", questiona Joelma.
As mensagens de cunho racista e homofóbico foram recebidas através do celular da hamburgueria no último sábado. “Desculpe a pergunta, mas meu hambúrguer poderia ser feito por outra pessoa? Lanchei aí na quarta-feira e vi que meu hambúrguer foi feito por uma pessoa que não é do meu agrado”, relatou o cliente, escrevendo em seguida o motivo do pedido junto a um emoji de mãos postas: “Ela é lésbica e negra, entenda meu lado”.
A mensagem foi lida por outra funcionária da loja, que chamou Joelma para mostrar o conteúdo. Indignadas, elas responderam que tomariam medidas judiciais e ressaltaram que a “negra e lésbica é a melhor chapeira da cidade”.
“Tipo de clientes como você não fazemos a mínima questão em nosso estabelecimento. Que o senhor fique sabendo que a ‘negra e lésbica’ é a melhor chapeira da cidade. Vamos na delegacia registrar um B.O. (boletim de ocorrência) contra você”, disse a atendente.