Eleição presidencial da Turquia caminha para segundo turno após reviravoltas e incertezas
Presidente Recep Tayyip Erdogan enfrentará Kemal Kilicdaroglu no dia 28 de maio
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A eleição presidencial da Turquia, que ocorreu no último domingo, 15, caminha agora para um segundo turno inédito, que será realizado no dia 28 de maio. Isso ocorreu após o atual presidente, Recep Tayyip Erdogan, não conseguir obter os 50% necessários para vencer diretamente no primeiro turno. Com 99,4% dos votos contabilizados, Erdogan teve 49,4% dos votos, enquanto seu principal adversário, Kemal Kilicdaroglu, alcançou 44,96%, de acordo com a agência de notícias estatal Anadolu.
O nacionalista de extrema-direita Sinan Ogan ficou em terceiro lugar com 5,24%, enquanto Muharrem Ince obteve apenas 0,43% dos votos, apesar de ter anunciado sua desistência três dias antes do início da votação. A decisão de Ince foi vista como um impulso a Kilicdaroglu, e reformulou os últimos dias de campanha do que é visto como o maior teste para o reinado de duas décadas de Erdogan.
A eleição presidencial acontece em um contexto de graves problemas econômicos, ameaças externas, corrupção e chegada de migrantes ao país. Os eleitores, no entanto, estão otimistas de que a situação turca possa melhorar nos próximos seis meses. Ainda neste ano, a Turquia foi atingida por terremotos que mataram mais de 50.000 pessoas e forçaram o deslocamento de cerca de 5,9 milhões no sul da Turquia e no norte da Síria. A ineficiência nos resgates e no atendimento à população, especialmente nas regiões ocupadas por curdos, levou à crítica de Erdogan.
A desistência de Ince, que concedeu alguns votos a mais à principal cabeça da oposição, colocou ainda mais pressão sobre Erdogan, que não está acostumado com segundos turnos. Nos dois pleitos em que concorreu, em 2014 e 2018, o presidente teve 52% dos votos.
Durante o processo eleitoral, houve acusações de aliados de Kilicdaroglu sobre a lisura do processo e o comprometimento da agência estatal Anadolu, acusada de divulgar números parciais que eram favoráveis a Erdogan. Mais tarde, Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul e vice na chapa da oposição, afirmou que o partido de Erdogan estava apresentando objeções em regiões onde a oposição liderava, o que teria atrasado a apuração. A autoridade eleitoral do país, a YSK, tentou acalmar as tensões afirmando que “não há disrupções ou atrasos” ao longo de algumas entrevistas coletivas durante a noite. Nas redes sociais, Erdogan afirmou que “o processo de votação foi concluído de forma condizente com a nossa democracia, graças a Deus. Agora, como sempre, é hora de se agarrar firme às urnas. Até que os resultados sejam definitivos, continuaremos protegendo a vontade da nossa nação”.