Eleições 2024: primeiro turno teve sete vítimas de violência política por dia; 2024 se destaca como o ano mais violento
São Paulo e Rio de Janeiro estão no topo da lista dos estados com mais casos de violência política
Foto: Reprodução/PauloPinto/AgênciaBrasil
Nas eleições municipais deste ano, o clima de competitividade e inimizade observado no período pré-campanha piorou. De 16 de agosto a 6 de outubro, o Brasil registrou 373 casos de violência política contra candidatos e políticos em exercício, segundo a 3° edição da pesquisa “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, elaborada pelas organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global, lançada nesta quinta-feira (10).
Houve 145 ocorrências no período que antecede a campanha eleitoral, de janeiro a 15 de agosto, e uma média de 1,5 caso por dia. Com 518 ocorrências, o ano de 2024 se destaca como o mais violento da série histórica. No primeiro turno do pleito deste ano, foram identificados 10 assassinatos, 100 atentados, 138 ameaças, 54 agressões, 51 ofensas, 13 criminalizações e sete invasões. A média foi de sete vítimas por dia.
Já no primeiro turno de 2022, foram registrados aproximadamente 2 casos de violência política por dia. Os números também mostram que o pico de casos aconteceu na véspera das eleições. De 1º a 6 de outubro, foram notificados 99 casos, o que corresponde a 16 ocorrências por dia ou uma a cada 1h30.
Em relação aos locais onde os casos ocorreram, o maior número de ocorrências foi no estado de São Paulo, com 14 casos. Em 2022, o 1º turno das eleições gerais registrou um assassinato, enquanto em 2024 foram 10 ocorrências no mesmo período. Dos 24 casos de assassinatos registrados em 2024, mais de 40% dos assassinatos aconteceram durante o período eleitoral.
Brancos representaram o maior grupo de vítimas de violência política, mas as negras lideram os homicídios
As entidades também fizeram um alerta contra a proporção de casos que vitimaram pessoas negras e mulheres. Pessoas brancas representaram o maior grupo de vítimas de violência política no primeiro turno (52% ou 193 casos), a forma mais grave que essa hostilidade assume, ou seja, a letal, vitimou mais pessoas negras. Vítimas pretas e pardas foram alvo em oito de cada dez homicídios perpetrados nesse contexto.
Quando são consideradas todas as categorias de violência, 44% das vítimas eram negras. A porcentagem corresponde a 164 ocorrências. A representatividade das mulheres na política permanece significativamente menor nas eleições deste ano (33,96%), mas como observam as organizações coautoras do relatório, foram vítimas de 35% dos casos de violência política no primeiro turno, que acumulou 128 ocorrências. O tipo mais praticado contra mulheres, cisgênero e trangênero, foi a ameaça, com 56 casos.
Revenge Porn - outro fator que evidencia a misoginia no pleito eleitoral
Outro dado que evidencia o machismo e a misoginia no pleito é o relativo ao total de denúncias de vazamento de vídeos íntimos (ou revenge porn, que significa pornografia de vingança em inglês) e montagens de nudez que utilizaram fotos de candidatas. O relatório indica um total de oito casos.
Confira a lista das regiões e estados com mais casos de violência política:
- Sudeste: São Paulo (50) e Rio de Janeiro (38)
- Nordeste: Paraíba (24) e Bahia (23)
- Norte: Pará (16) e Amazonas (10)
- Centro-Oeste: Mato Grosso do Sul (10) e Mato Grosso (9)
- Sul: Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná com 17 casos cada