Eleições

Em 1ª disputa para deputado federal, Leo Prates não descarta ser secretário de Neto

Pedetista também mantém desejo de se candidatar a prefeito de Salvador em 2028

Por Lara Curcino
Ás

Em 1ª disputa para deputado federal, Leo Prates não descarta ser secretário de Neto

Foto: Reprodução/Leo Prates

O ex-secretário de Saúde de Salvador Leo Prates (PDT) concorre pela primeira vez como deputado federal, aos 44 anos, nas eleições de 2022. Soteropolitano e engenheiro eletricista por formação, o pedetista se elegeu pela primeira vez em 2012, para vereador da capital baiana. Na Câmara, ele ocupou o posto de presidente no biênio 2017/2018. 

No último pleito nacional, se candidatou a deputado estadual na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), mas ocupou cadeira na Casa por apenas um mês, já que assumiu o cargo de Secretário de Promoção Social e Combate à Pobreza de Salvador, na gestão do aliado político ACM Neto (UB), hoje postulante a governador. 

Em julho de 2019, chegou à Secretaria Municipal de Saúde, pasta que liderava durante a chegada da Covid-19 na cidade, em março de 2020. Ele encabeçou as ações de combate ao coronavírus em meio ao período mais crítico e permaneceu na função até março de 2022, quando saiu para articular a candidatura a deputado federal, dando lugar a Décio Martins. 

O Farol da Bahia conversou com Leo Prates sobre os novos desafios, alianças políticas e carreira. Confira a entrevista: 

Farol: Essa é a sua primeira candidatura para deputado federal. Neste tempo de campanha, quais diferenças você nota para quem é postulante a deputado estadual ou a vereador, que você também já foi?

Leo: O tamanho da eleição faz muita diferença. Para vereador, focamos na cidade. Para deputado estadual, percorre-se a Bahia toda, mas a proporção de votos que precisamos ter e de pessoas que precisamos alcançar no estado ao se candidatar a federal é muito maior. As matrizes políticas e o nível de conhecimento que nós precisamos ter para tocar a campanha são praticamente os mesmos, quando se compara os pleitos da Assembleia Legislativa e da Câmara Nacional, mas as estratégias precisam ser intensificadas para conquistar uma quantidade bem maior de votos. 

Farol: No ano das últimas eleições, você deixou o DEM (agora União Brasil, após fusão com o PSL) para se filiar ao PDT e houve uma movimentação para que você se candidatasse a prefeito, o que acabou não indo para frente. É um cargo que você ainda pretende ocupar?

Leo: Naquele momento, o líder do nosso grupo, ACM Neto, indicou o atual prefeito Bruno Reis. Eu cheguei a entrar com a pré-candidatura e foi um combinado da própria base de que quem tivesse melhor aceitação entre os dois nas primeiras pesquisas seria o candidato e o outro seria o vice. Bruno acabou tendo melhores condições e por isso eu me retirei da disputa, mas a pandemia me impediu de integrar a chapa, porque eu decidi dar prioridade à Secretaria Municipal de Saúde. A vaga do PDT foi, então, ocupada por Ana Paula Matos. Agora, eu entendo que Bruno tem o direito legítimo, dentro do grupo, de ir para a reeleição. Depois disso, eu pretendo me colocar como o candidato, porque tenho sim o sonho de um dia ser prefeito de Salvador. 

Farol: À frente da Secretaria Municipal de Saúde, você sente que o papel foi cumprido na gestão de combate à pandemia?

Leo: Acho que essa avaliação é do povo de Salvador, mas eu entendo que sim. Com a vida das pessoas em jogo, deixamos de lado a oposição política e trabalhamos junto com o presidente Jair Bolsonaro e com o governador Rui Costa. Além das ações relacionadas à pandemia, fizemos, por exemplo, o maior programa de incentivo no cuidado às gestantes da história da cidade, o Mãe Salvador. Deixo também um legado social, com um grande esforço de atenção às pessoas em situação de rua e com a criação do Comitê de Enfrentamento ao Racismo Institucional dentro da secretaria. 

Farol: Caso Neto ganhe como governador da Bahia e você seja eleito deputado federal, você estaria disposto a ocupar uma secretaria estadual ou pretende desfrutar da primeira experiência na Câmara sem se afastar das funções? 

Leo: Eu não faço política no individual, faço no coletivo, para servir às pessoas. Sou amigo de Neto há 33 anos, desde os 11. Também sempre fui aliado político dele. Pelo povo da Bahia e pelo ex-prefeito, o que ele entender que é o melhor para o estado e para o grupo, eu topo. O cargo de secretário não tem que ser um desejo pessoal. O meu desejo é que ele forme o melhor secretariado possível. Então não há nenhum tipo de compromisso ou há no meu coração a obsessão de assumir uma pasta, mas quero estar ao lado de Neto e estou à disposição para qualquer missão, seja representando os interesses na Câmara ou na gestão executiva. 

Farol: Como deputado federal, quais são as suas principais propostas?

Leo: É claro que tenho que pensar no meu estado, mas o deputado federal também precisa pensar no Brasil todo. As primeiras lutas serão nacionais, a começar pelo reajuste da tabela do Sistema Único de Saúde. O valor repassado pela União não é aumentado desde 2003 e isso tem causado crises financeiras em diversas unidades, inclusive em hospitais filantrópicos e santas casas, como é o caso das Obras Sociais Irmã Dulce. Pensando na Bahia, vou propor a federalização do projeto da Rede Pernambuco-Bahia (Peba), que atende com regulação conjunta de 54 municípios dos dois estados. O primeiro passo seria criar outra rede interestadual, nos moldes da Peba, com o extremo-sul da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. Outra pauta baiana é o incentivo à formação de terapeutas ocupacionais, um campo fraquíssimo no estado e que é fundamental para atender, principalmente, pessoas com deficiência. 

Farol: A Saúde, então, é a sua principal bandeira?

Leo: Eu enxergo que levanto duas grandes bandeiras: a da Saúde, sim, mas também a da causa social. A primeira luta vai ser para melhorar a Atenção Primária, para formar pediatras, ginecologistas. Eu me encontrei na Saúde, algo que trago desde o início da minha militância, em 2002, pelo reforço no amparo às pessoas com deficiência. Depois, como secretário, vivenciei ainda mais essa área. Mas a parte social, voltada aos mais pobres, à população em situação de rua, sempre esteve no meu leque de prioridades, o que só foi fortalecido no meu período à frente da Secretaria Municipal de Promoção Social.  

Farol: O período como secretário de Saúde durante a pandemia foi um dos maiores desafios da sua carreira, mas quais são os outros pontos que você destacaria da sua jornada política? 

Leo: Primeiro, o cargo que me deu projeção: a presidência da Câmara de Salvador. Fui um dos mais jovens a assumir o cargo, com 37 anos. Fizemos uma gestão participativa, de fortalecimento da transparência. É uma das funções mais importantes, porque o vereador está muito próximo das pessoas e acaba sendo quem tem o primeiro contato com os problemas. Outro momento seria a minha eleição para deputado estadual, quando bati recorde de apresentação de propostas, foram 61 projetos legislativos, com destaque para um que agora ganhou amplitude nacional: o enquadramento de pessoas com deficiência auditiva unilateral como aptas a terem os mesmos direitos de pessoas com deficiência bilateral. 

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