Michel Telles

Em entrevista ao “E Você?” Erika Hilton afirma: “Eu não preciso morrer para ser deputada”

Comandado pela apresentadora Manuela Xavier, o programa que na semana de estreia recebeu Manu Gavassi e Marcela Ceribelli, abriu as portas para um lado de Erika Hilton que poucos conhecem

Por Michel Telles
Ás

Em entrevista ao “E Você?” Erika Hilton afirma: “Eu não preciso morrer para ser deputada”

Foto: Lucas Siqueira

Um dia após desfilarem no principal evento de moda da América Latina, o São Paulo Fashion Week (56), a apresentadora Manuela Xavier e a deputada federal, Erika Hilton, se encontraram para gravar o terceiro episódio do “E Você?”, programa  que se dedica a construir um diálogo acolhedor sobre os dilemas da existência feminina. No bate-papo a dupla desenvolveu reflexões profundas sobre as erosões das vulnerabilidades.

“A primeira vez que eu recebi um convite para estar numa passarela ou para fazer uma campanha de moda, fiquei feliz pela oportunidade. Nossa, eu que era um corpo que até então não imaginava em lugar nenhum, sequer podia pleitear o belo para mim, porque não existia referencial de beleza para uma mulher igual a mim. Agora, não só sou considerada bonita, mas bonita suficiente para estampar campanhas de moda ou representar a coleção de uma marca numa passarela”, refletiu Erika.  

Ao ser questionada pela apresentadora e psicanalista, Manuela Xavier, sobre utilizar os campos da moda e da beleza como estratégia política, a primeira deputada federal trans do congresso nacional respondeu. “Eu não preciso ser uma única coisa! Eu posso unir o fato de ser uma representante do poder público, com responsabilidade, com seriedade e compromisso com o que eu faço, mas também ser alguém que resgata seus sonhos, seus prazeres, seus desejos e que faço disso também com uma articulação, porque não necessariamente a princípio eu pensei: aí, nossa, essa pode ser uma estratégia. Não! Agora faço o que eu gosto, até porque eu preciso morrer? Me anular? Deixar de ser Érica para ser deputada? Se for preciso fazer isso, abro mão do cargo e continuo sendo eu, porque a minha história, a minha autenticidade e o que me levou, inclusive para a política, eu não vou conseguir mudar nunca: porque essa sou eu”.

Ainda em sua resposta, Erika Hilton assume que ocupar um desfile é um ato político. “Depois eu percebi que estar ali (referência ao SPFW) também podia ser estratégico, porque quanto mais eu me tornava pop e quanto mais eu ia para os outros universos, mais gente eu atraía para o meu trabalho legislativo. Mais gente eu atraía por aquilo que eu estava fazendo. E aí eu falei; que legal poder unir essas duas possibilidades, fazer as coisas que eu gosto, fazer coisas que eu acredito, quebrar paradigmas, construir referenciais de belezas positivas sobre mulheres negras, travestis e transexuais, mas também, ao mesmo tempo, ajudar a mudar e transformar a cara da política”. 

Outros temas importantes foram discutidos no episódio da deputada, que foi publicado no dia 28/11 no canal do youtube da apresentadora. Por lá, nomes como Manu Gavassi e Marcela Ceribelli falaram sobre as concessões que fizeram para manejar o incômodo do outro, no programa que pretende colocar um ponto de interrogação onde colocamos ponto final. “Das minhas inseguranças indizíveis e dos meus talentos extraordinários nasceu o meu programa! De uma vontade enorme de compartilhar o que sinto e o que penso, o “E você?” veio aí numa primeira temporada com mulheres que compõem o meu processo de ser no mundo, que são referência e inspiração”, disse Manuela Xavier.

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