Em entrevista, presidente da COP30 diz que agenda climática conseguiu se manter firme mesmo após atos de Trump
Presidente dos Estados Unidos retirou o país do Acordo de Paris e não comparecerá à COP30, realizada em Belém, no Pará

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Às vésperas do início oficial da COP30, que começa nesta segunda-feira (10), o presidente da conferência climática da ONU, André Corrêa do Lago, afirmou estar satisfeito com o número de países representados em Belém.
Em entrevista ao jornal O Globo, o embaixador pontuou que a agenda climática conseguiu se manter firme mesmo após um ano de "bordoadas", iniciado com a posse de Donald Trump e a decisão do então presidente dos Estados Unidos de retirar o país do Acordo de Paris, que estabelece metas para conter o aquecimento global até o fim do século.
"A grande presença de delegações em Belém foi algo muito positivo e altamente simbólico. Mostrou que há grande apoio ao tema do clima em um ano no qual essa agenda levou muita bordoada. Foram vários fatos que aconteceram em consequência da eleição do Donald Trump. Acabaram com o grupo de banqueiros que discutia clima, houve a declaração do Bill Gates", disse Corrêa do Lago ao ser questionado sobre a Cúpula dos Líderes, realizada entre quinta-feira (6) e sexta-feira (7).
"Nesse contexto, foi muito bom ter tanta participação. Sem a menor dúvida, o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) foi central. Nós estamos na Amazônia e lançamos uma ideia de fundo de valorização de florestas, que foi proposta por um país florestal, não por um país doador. Isso foi muito inovador", complementou.
Questionado sobre o número de países que se comprometeram a apoiar financeiramente o TFFF, que foi menos de dez, o embaixador afirmou não estar decepcionado.
"Não estou nem um pouco decepcionado. Ao contrário: penso que foi um grande sucesso. A sinalização foi muito clara. O fundo é inovador, e muitos países ainda têm que fazer discussões internas para confirmar a entrada", disse.
Sobre a ausência dos Estados Unidos na COP30, Corrêa do Lago pontuou que a ação é uma confirmação da decisão do país de sair do Acordo de Paris, assinado em 2015. "Ignorar a COP é, de certa forma, uma confirmação da decisão de sair do Acordo. Uma coisa é os Estados Unidos ficarem em um organismo internacional e lutarem pelas suas posições. Se eles já anunciaram que vão sair do acordo, o mais lógico é não participar", pontuou.
Além disso, o embaixador ressaltou que o fato da COP acontecer é uma resposta ao negacionismo de Trump quanto ao aquecimento global. "Realizar a COP é uma maneira de dizer que o mundo ainda acredita que a melhor maneira de lidar com o tema do clima é através do multilateralismo, mesmo que os EUA tenham uma opinião diferente", declarou.


